Fomos então para o CNA(Circuito Nordestino de Aventura) de Alagoas, uma prova de 160km cheia de ladeiras íngremes e muita aventura.
Eu, Saroca e Gabi estávamos super dispostas a encarar o desafio. Só que Taty estava em São Paulo e Lucy, nossa nova Penélope, ainda não estava preparada para uma prova tão longa. Então convidamos nossa querida amiga Thays! O detalhe é que, além de amiga, Thays é uma excelente atleta e só ganhamos com a escolha.
Viajamos com camisas rosas e unhas da mesma cor. Uma farra! Um caminhão do exército nos levou do aeroporto até o local da prova. Parecia uma batedeira! Não sei como aquele caminhão tremia tanto! Mas foi uma grande gentileza!
Briefing às 22h da sexta. Largada meia noite. A organização foi cruelmente pontual! Não deu tempo de fazer tudo, foi uma confusão danada pra plastificar os mapas.
Largamos fazendo um trecho de corrida, cada uma numa direção diferente, para pegar uma fita, voltar ao local da largada e sair com as bikes. Comecei a correr dentro da cidade. À medida em que fui me afastando, junto com os outros corredores, a escuridão ficou de uma maneira que não enxergava absolutamente nada! Cruel! As lanternas ficaram na bike. Foi horrível! Tinha que diminuir com medo de cair em algum buraco.
Nos reencontramos na largada, saindo de bike em última posição em direção ao PC1. As meninas reclamaram muito dos seus trecho, dizendo que tinha muita areia e ladeiras bem íngremes. Mas a coisa só estava no começo.
Para mim, como navegadora, toda a tensão da prova se resume ao PC1. Parece brincadeira! Só pego o ritmo depois! Deu trabalho, o morro tinha tanta vala que era impossível para um atleta de elite de mountain bike pedalar. Imaginem nós!? Fomos empurrando as bikes. Thays já começou a mostrar serviço, carregando a bike de Saroca. Subimos muito, passamos na beira de um precipício e chegamos numa porteira, onde encontramos os meninos da Aventureiros. Ufa! PC1! Pronto! Acabou a tensão!
Thays controlava a alimentação, eu navegava, Gabi botava pressão e Saroca suava feito uma condenada. Atravessamos a cidade, subimos outro morro, batemos o PC2 e seguimos para o 3.
Para o PC4, mais subidas! Nunca vi tanta subida na mesma prova! Em compensação os downhills eram de arrepiar! Descemos todos em alta, curtindo o vento no rosto e driblando as pedras.
O caminho para o PC5 foi um trecho mais tranqüilo, pegamos uma reta e fomos embora. Chegamos na praça, na transição para o trekking.
Trekking muito pesado! Subida de morro, batimento em alta. Thays puxava Saroca pelas mãos. O PC6 estava escondido numa moita. Que maldade! Mais subida! O sol estava de enlouquecer, a sensação térmica era de mais de 40oC e ainda não era meio dia! Os pés ferviam, o suor não resfriava o corpo. Tivemos que reduzir o ritmo para ficarmos juntas. Aproveitamos a sombra de uma árvore para passar protetor solar, comer, fazer xixi e descansar, é claro! O resto foi só desculpa!
Cortamos um trecho do caminho na subida, já saindo dentro da fazenda onde estaria o PC7. Pedimos água numa casinha e molhamos o corpo. Foi um alívio! Cada uma ficou uns minutinhos embaixo da torneira.
Do PC7, descemos muito rápido para tentar pegar os meninos da Aventureiros. Paramos num bar para a velha coca cola gelada. Gabi e Thay tomaram uma cerveja (Essas Penélopes são muito Agrestes!), enquanto eu e Saroca olhávamos o mapa.
Voltamos à praça, compramos picolé, água gelada e seguimos para a segunda perna de bike, rumo ao PC9. Na estrada, Thay parou para comprar óculos escuros. “Ficou uma figura de óculos brancos!” Continuamos com formação em linha para aproveitar o vácuo porque ventava muito. Deu uma sensação gostosa de espírito de equipe as 4 camisas rosas sempre juntas.
Entramos na estradinha e nem acreditamos no morro que teríamos de subir. Ora pedalando, ora empurrando a bike, ora descansando mesmo.
Mas o sol tava de lascar o cano! Dei uma de louca, mandei todo mundo tirar aqueles coletes de prova para cortá-los. Peguei meu canivete e mandei ver! Transformei as camisas da prova em micro blusinhas. Nem preciso falar como tudo melhorou!
Olha! Foi muita subida! Eu fazia de conta que tava esperando Saroca e descansava. Thays subia e voltava para pegar a bicicleta de Saroca. Pegamos o PC9 em 6º lugar.
O PC10, já em 5º, era a transição de bike para remo. Cada uma deu uma volta, separadamente, de caiaque, depois fomos fazer o trecho de bote para pegar o PC da árvore.
Essa parte foi boa! Nunca remamos em bote inflado! Saroca nunca fez leme em bote! Eu ainda fiz o favor de pegar o azimute fornecido pela organização e declinar. Resultado: Fomos no lugar errado! O interessante foi que Thays confiou tanto em mim que pulou na água como uma louca e saiu procurando o PC em todas as árvores sem encontrar. Basta dizer que a Carbono Zero veio logo depois de nós, pegou o PC, que estava do outro lado do rio e foi embora. Aí fomos lá e pronto! RS!
Pausa para comer um frango assado com arroz.
Já escurecia quando seguimos para o PC11. Demos uma volta porque o caminho escolhido não tinha trilha e preferimos não arriscar o rasga-mato. E tome mais ladeiras. Eu sempre dizia: “gente, essa é a última viu?” Não dava 20 metros e começávamos a subir novamente. Chegamos num povoado completamente isolado e sem uma alma viva, chamamos e ninguém respondeu. Só os cachorros se manifestaram, correndo e latindo. Latimos de volta pra eles. Super Agrestes essas Penélopes!
No estradinha do PC11 encontramos a Carbono Zero já voltando. Paramos para dormir 15minutos porque Tico e Teco não estavam se entendendo mais. Comecei a titubear na navegação. Deitamos no meio da estrada como pessoas Agreste que somos.
O caminho para o 12 não era diferente. Aquela ladeira parecia que daria no céu! Ultrapassamos a Carbono Zero, a prova terminou lá no alto e ficamos em 4ª posição no CNA. Grande virada! Que emoção!
Agora era pedalar até a cidade próxima e esperar o carro da organização nos levar pra a escola onde foi feita a largada. Márcio e Manu Véio do Agreste vieram nos buscar. As Penélopes foram dormindo no banco de trás do carro, uma por cima da outra com um fedor tão insuportável que os meninos tiveram que desligar o ar condicionado e abrir as janelas.
Nada Penélope! Todas Agrestes!
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Vamos completar um campeonato inteirinho, que tal?