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Que treino que nada!!

   Aí Deus disse:
   - Minha filha, você está fazendo 40 anos. Já pintou o sete nesses anos todos! Você não para quieta! Capoeira, teatro, natação, dança, corrida, remo, rappel, mountain bike... Tá na hora de dar uma pausa de alguns dias pra relaxar, repensar, recapitular e recomeçar. Já mandei recado várias vezes, dizendo para você descansar um pouco. Mandei uma gripe de 10 dias, mandei aviso pelos seus amigos, pelos seus filhos.. sua mãe também deu o recado. Mas, você continua trabalhando, inventando coisa pra fazer, treinando.. e não pára. Agora vai ter que descansar um pouco!
   Muitas vezes, os amigos questionaram minha vida de corredora.. Dias antes do meu aniversário, estava no auge dessas reflexões. Aquelas reflexões de mudança de primavera.. Das mais importantes, diga-se de passagem! E as justificativas que eles encontram para minha dedicação ao esporte são bem interessantes! É claro que tem muitos que admiram, e só. Alguns dizem que faço para fugir dos problemas, outros dizem que quero me aparecer e ainda há os mais pessimistas que afirmam que vou envelhecer mais cedo do que qualquer pessoa. Pô bicho! Acho a maior graça de quem acha que não fazer nada é que é normal, fazer muita farra é que é normal. Embora também saiba que qualquer coisa em excesso sai do padrão de normalidade e esse negócio de ser equilibrado é um troço pra lá de complicado, meu lado reflexivo fica ligado.
   Sim! Já corri para esquecer meus problemas! Tem coisa mais saudável do que fugir dos problemas dando uma corridinha de 10km?? Não, de 15km.. Já treinei por um monte de motivos! E demoro horrores para achar uma explicação exata para tudo o que faço. Possivelmente, fazer análise tornaria tudo isso mais rápido. Mas, não tem dinheiro que pague a companhia dos amigos, o contato com a natureza, a adrenalina de uma boa trilha, o cheiro da terra, a lama na cara, o espírito de equipe, o pensar no outro, o cuidar do outro. São tantos os ganhos, que as perdas viram meros detalhes. Todo mundo vai ficar velho.. não adianta não! Além de tudo, simplismente, amo contar estórias! Adoro escrever as maluquices que faço, e as que penso também! Imagino que estimulo alguém a se mexer, a tomar atitudes, a mudar seus padrões.
   Adoro fazer aniversário e nem sabia porque aquele dia não estava tão interessante para mim. Achava que era uma crise dos 40 anos quando, na verdade, nem estava me incomodando com a idade que fazia. Se eu não fizesse 40, teria morrido. Dá pra entender isso? Mas, acredito que tive vários sinais para não entrar naquela cama elástica.
   Já pensei, nesses dias de repouso, que enlouqueceria de tédio. Por que cargas d'água isso aconteceu comigo?? Tá um 'saco'! Tenho feito o possível pra manter o bom humor. Tadinhos dos meus filhotes! São uns amores! Amores mesmo! Fazem de tudo para ajudar. Sei que isso faz parte da minha condição de provisoriamente impossibilitada de resolver minhas coisas. E eles são só crianças que se esforçam e dão o máximo de si.. Tenho que dar graças a Deus! Se eu não tivesse filhos, meu bicho de estimação não conseguiria fazer nada por mim. Os amigos não podem se mudar pra minha casa e nem ninguém da minha família, embora estejam todos se empenhando no que podem.
   Isso é bom! Do que é mesmo que estou reclamando?! Todos os dias tenho visitas dos meus amigos queridos, já fui comer pizza de muletas, fui ver a peça de teatro da minha filha, trabalhei um dia no consultório e estou aproveitando para estudar e ouvir muita música. A turma compra medicamentos pra mim, traz o pão pra gente tomar café, liga. Até dança das muletas já inventei! Meus braços estão ficando malhados com as descidas e subidas das escadas. Ou seja, estou fazendo bom proveito desse momento que parece difícil. Sei que tem gente em situações muito piores e não posso reclamar de jeito nenhum. Basta usar a criatividade e ter senso de humor que o tempo passa mais depressa. A palavra chave do momento é PACIÊNCIA. É isso! PACIÊNCIA!
   Então, lembrei de uma frase que li um dia desses que dizia assim: "Recuar?? Só se for para dar impulso!"
   Paciência Luluzinha!

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