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Carrasco Fast 2012


Finalmente, o Campeonato Baiano de Corrida de Aventura começou! Finalmente... nos dias 4 e 5 de agosto.
Formamos uma equipe de destreinados, porém, com o espírito Aventureiros do Agreste mais forte do que nunca. Eu, Marcelo, Mauro e Gabi... Cheios de vontade de passar a noite no mato para relembrar os velhos tempos. Eu, particularmente, estava necessitada, desesperada! Precisando sumir do mundo sem avisar... Aliás, avisando.  Pelo menos, avisando!
E, para a felicidade de todos e o bem geral da nação aventureira, a prova era noturna! Massa! Viva a Carrasco!
No grande dia, logo de manhã, Mauro ligou avisando que acabara de demitir a babá e teríamos que arrumar um atleta para correr no lugar de Gabi. Eu, cá com meus botões, refletia sobre as nossas provas e lembrava que sempre fora assim. Vixe Maria! Nossa Corrida de Aventura é a doidisse da nossa vida! São as mil atividades, o stress do dia-a-dia, as crianças pra cuidar, a funcionária que foi embora ou não apareceu, a escola pra pagar, as contas... todas as contas, a manutenção do carro... E quem vai ficar com as crianças?? Bom! Depois de mil ligações, viajamos para Feira sem um substituto para Gabi. Daríamos um jeito!
As minhas crianças e o cachorro foram para a casa da minha irmã, em Feira. Larguei todo mundo lá e fui pro mato me esconder e esquecer a vida. Corrigindo, fui me encontrar no mato. Onde gosto de ir uma vez ao mês (ou mais).
A arrumação dos equipamentos aconteceu no meio das crianças de Gabi e Mauro pra lá e pra cá. Felipe queria porque queria meu mucilon, alegando que estava com fome. Depois achou meu Nescau. Ai.. ai! Será que esqueceram de dar comida pra Felipe ou ele sentiu fome porque viu as comidas??
Fomos para a largada para adiantar as coisas! Marcelo brincava que estava cansado quando pedalávamos até o local, enquanto Mauro e Gabi ficaram para resolver as pendências finais e levar as crianças para um lugar seguro, RS!
O mapa estava ótimo! Percorreríamos o leste, o norte, o oeste e o sul da cidade, numa volta em torno do anel rodoviário de Feira, por trilhas. Uma largada dentro da cidade, em plena Avenida Getúlio Vargas, às 18:20h, em direção ao Povoado de São Roque.
Já preparados para uma prova light, contrariando o slogan da prova (Carrasco Fast “Adrenalizado”), pedalamos num ritmo confortável, respeitando quem estivesse mais lento. Só pra vocês terem uma ideia, Gabi não pedalava havia um mês e ninguém estava preocupado com isso.
No caminho para São Roque (PC1) pegamos uma trilha para cortar caminho que não adiantou absolutamente nada e nos colocou exatamente em última posição logo no começo da prova.
Uma estradinha de terra nos levava até o PC2. Além de termos caprichado na iluminação, a lua e uma fresquinha boa nos acompanharam por toda a noite. Já valeu todo o esforço que fizemos para chegar até ali.
Não sei o que Mauro conseguiu fazer com a bicicleta! Tínhamos até ultrapassado algumas equipes quando paramos por causa do câmbio empenado. Tava tudo enganchado! Ninguém sabia onde terminava o câmbio e começava a corrente. As roldanas também se misturaram. A gancheira nem se fala! Sorte que parou assim que travou tudo!
A bicicleta quebrada foi razão para várias resenhas e risadas. Uma verdadeira cirurgia até darmos um paliativo e retomarmos a prova. Ao som de uma reza alta pra Zé (meu anjo da guarda) nos ajudar, Mauro desempenava a gancheira. As motos da organização passaram, perguntando se precisávamos de ajuda... Não precisamos! Nós não pararíamos, mesmo que estivesse tudo quebrado! Só imaginei que terminaríamos os mais de 50km de Mountain Bike, empurrando bicicleta. Desculpem, mas passa longe da minha cabeça a palavra desistir. Estava amando aquilo ali! Até a bicicleta de rodas pra cima estava me divertindo.
Mauroba que me perdoe, mas a bicicleta dele está um caos! Tudo empenado, gente! Precisa se aposentar por tempo de serviço! Só que ele diz que está muito satisfeito com o que tem e não vai trocar nada. Pior! Nem faz revisão antes de correr.
Graças a Deus, deu tudo certo! Subimos uma ladeira bem gostosa para chegar ao PC2. E, lá de cima, dava pra ver a cidade toda iluminada para compensar o esforço. Depois descemos por um leve downhill entre eucaliptos até o 3, onde deixamos as bicicletas e seguimos para a pista de orientação.
(Só pra vocês terem ideia da lerdeza, a gente atrasou tanto que, quando chegamos ao PC2, a Makaíra estava passando por lá de trekking, já voltando pro 5. E quando a gente chegou ao 5, eles já estavam no 12.)
Uma pista de orientação deliciosa nos esperava, dentro de um eucaliptal com um cheirinho de desentupir nariz. Não tem rinite alérgica que resista aquele cheiro! (Adoro cheiro de eucalipto!) Mauro me entregou o mapa, dizendo que eu fazia orientação melhor do que ele. Marcelo ficou responsável por contar a distância e Gabi, por semear discórdia, RS! Foi muito engraçado! Depois que encontramos o prisma F, começou a “briga”. Mauro mudou de ideia! Puxou rudemente o mapa da minha mão, dizendo que estava muito lenta. Gabi disse que era um absurdo eu o deixar fazer aquilo. Então tomei coragem pra tomar o mapa da mão dele outra vez e saí rápido, navegando, RS! E a estória continuou até encontrarmos os cinco prismas e voltarmos ao PC5 para pegar as bicicletas.
Que delícia de prova! Nunca curti tanto pegar as bicicletas de volta. E olha que fazer trekking é comigo! Um percurso de mountain bike fluido, tranquilo de pedalar, sem precisar descer da bike toda hora. Talvez tenha subido alguma ladeira casca grossa, só que estava tão divertido que nem percebia. A lua continuava ali, linda, clareando nossa noite esplêndida! E a brisa no rosto!! Ah! Que coisa boa é fazer Corrida de Aventura! Não tem preço passar a noite no mato, curtindo com os amigos!
Do PC5 até o PC10 foram mais de 30km por trilha. Gabi sentia um pouco e nos revezamos em ajudá-la, carregando sua mochila e empurrando-a sempre que dava. Além disso, estávamos sempre pertinho dela para não desanimar. Marcelo estava virado na “zorra”! Pedalando na frente, navegando por todo o trecho de bike. Aquele treino de duas semanas foram importantíssimos na vida dele, RS!
Do PC10 até o 12, tivemos que passar pelo anel rodoviário. Eu e Marcelo estávamos conferindo a distância para confirmar a entrada da trilha, enquanto Mauro empurrava Gabi. Quando levantamos a cabeça, os dois já estavam descendo o ladeirão para a BR116 no maior embalo. Não ouviram nossos gritos... Ficamos os dois, ali, parados, com cara de “tacho”. Esperamos um tempão até vermos os faroizinhos, voltando em nossa direção.
Que merda, heim?!! A entrada era aquela, estava à nossa frente!!
Deixamos as bikes no PC12 e descemos para o rio de trekking. Ao invés de fazermos o tradicional "feijão com arroz" do mapa, tive a brilhante ideia de pegar um atalho, me achando a esperteza em pessoa. Sim! Eu mesma!!! A navegação seria perfeita se a gente tivesse de colete salva vidas para atravessar o rio nadando. Chegamos exatamente onde queríamos! Só que era água ou vegetação. A noite nos dava a desvantagem de enxergar poucos metros à frente. Decidimos então voltar e consertar a porcaria que fizemos. Voltamos para a trilha que todas as equipes fizeram, só que bem atrasadinhos, RS! Tanto que a pessoa que estava no PC15 foi embora. Não tinha mais PC! E o sol já clareava o dia!
Pegamos a trilha para o PC16 ao lado de um pescador que informou, com cara de ironia, que as vacas passavam de um lado para o outro do rio pelo junco e não afundavam. Pois é! Estávamos de frente para o PC, do outro lado do rio e não atravessamos. Putz! Melhor não ficar perguntando demais!  Perdemos um tempão voltando tudo!
Não entendi, logo de cara, porque os caiaques estavam na beira do rio, com uma tábua ao lado. Depois de enterrar o pé na lama até os joelhos, entendi. O barco ficou em cima da tábua e eu fiquei atolada, com um pé na tábua e outro preso na lama. Uma verdadeira vaca atolada! E o maior problema quando essas coisas acontecem é que ninguém resolve nada escorregando e rindo ao mesmo tempo. É preciso concentração para tirar o pé da lama na Corrida de Aventura (e na vida!), meus amigos! É preciso foco! Mas, uma câmera fotográfica seria muito bom também!
Então entramos no barco e remamos até o outro lado do rio para pegar comidinhas para uns 20km no rio e o equipamento de rappel pro meio do caminho. Demorou uma vida pra esse povo pegar essas coisas... Não sei como o pessoal da organização não perde a paciência com a gente! É muita calma nessa hora!
Os aventureiros de Feira são muito bem servidos no esporte! Além das trilhas iradas, o rio Paraguaçu passa no quintal deles. Que lugar bacana para remar! Pegamos o PC17 e estava tudo certo pra eu fazer a ascensão no PC18, até avistarmos aquela pedra enorme. Enorme mesmo! Uma subida super técnica, aonde a pessoa ia ascendendo e se esfregando nas pedras, se ralando nos cactos e se esbagaçando toda. Um trabalho para Super Mauroba do Agreste! O “cara” em técnicas verticais! Euuuu!? Só iria se não tivesse jeito!
Enquanto Mauro se acabava todo pra subir, prendemos os caiaques a um tronco para um delicioso piquenique e um soninho gostoso. Só deu certo o piquenique...
De volta aos barcos, concluímos nossa prova às 11 da manhã, felizes, contentes, serelepes e com um despretensioso terceiro lugar. Despretensioso mesmo! E muito legal! Depois de tudo de bom que vivemos naquela noite, subimos no pódium!
Desejo é que a Corrida de Aventura volte aos velhos tempos e as pessoas não achem que precisam ser “super” para correr uma prova. Já tivemos provas com mais de dez quartetos, além das duplas. Agora, ao invés de crescer, estamos encolhendo. Quero acreditar que é uma pausa e vamos crescer. Teremos provas para iniciantes para atrair a turma nova e a galera das antigas que está meio sumida. Que venham todos os atletas e todas as provas!
Parabéns à Caatinga Trekkers, pela prova linda! Que bom que não teve um tornozelo torcido para atrapalhar nosso encontro esse ano!
Beijos em todos e até muito breve!

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