Agora que o inferno astral passou, estou com tempo para viver outras coisas! Abrindo o livro com páginas em branco e escrevendo outras estórias... Uma mais bacana do que a outra! Dando chances para mim mesma! Até mais do que aos outros, porque tenho a sensação de que qualquer sofrimento pelo qual passo é culpa minha, não dos outros. Por isso, vivo a me perdoar... Apertando o "botão" reiniciar... Sempre aperto quando precisa.
No fim de semana, minha "babãe" fez 70 anos... E fomos todos pra roça lhe abraçar. Fomos pro paraíso!
Na roça é sempre muito legal! Melhor a cada dia! Principalmente, quando as bicicletas vão junto. E, desta vez, decidimos fazer um pedal no fim da tarde. Daqueles que entram pela noite.
Em sua primeira trilha nos Varões, Vítor foi batizado com a "Volta da Pampulha". A que a gente vai até a venda de João, volta pelo gasoduto, pega aquela sinuosa estrada de asfalto, sobe o ladeirão, passa pelo Sangradouro e retorna pra os Varões.
Tô me sentindo uma moleza no pedal! Numa lezeira danada! Os meninos estão pedalando muito com essas bicicletas de aro 29. Só eu que tenho 26 e parece que fico em desvantagem em algumas situações. A trilha, toda de estradão, já começa com muitas ladeiras e os rapazes ficam muito eufóricos, subindo na frente, disputando a frente, como se estivessem numa corrida. Meninos são assim: Competitivos! Sempre se comportam como crianças, rs! Eu não! Sou uma mocinha, rs!
A paisagem dá o tom do passeio, junto com o cair da tarde. Por lá está tudo verdinho! As montanhas são modestas mas, elegantes, o gado se junta para dormir pertinho (parece!), a temperatura fica mais amena. As subidas começam a dar canseira nos meninos e tem muita coisa pela frente. Tava na hora! Avisei que eram mais de 20 km. Se afobaram!
Ali no meio do caminho, caiu o chapéu do cavaleiro. Passando de bicicleta, fui pegar pra ajudar. Ele me reconheceu, dizendo:
"- É a filha de Freitas?? A dentista?"
Acho sempre tão bonitinho quando alguém me reconhece na roça! Trabalhei por lá durante anos... Fui Dentista da região, além de ser filha de Freitas e neta de Manoel Gregório, é claro! Mas, minha memória não permite lembrar de todos os rostos. Eles lembram de mim, mesmo coberta no meu disfarce de ciclista maluquinha.
Na metade do pedal, os meninos já estavam caindo pelas tabelas. Menos Vítor, que parece estar treinando escondido de mim. Melhora visivelmente a cada dia... Talvez tenha tomado umas vitaminas pra sair pedalando rápido daquele jeito. Será?? Eu não vi!
A subida de mais de 1km é sempre o grande desafio! O famoso ladeirão! Uns apostam chegar primeiro, outros só apostam que chegam. Paramos um pouco para tomar fôlego e comer umas bananinhas antes de encarar o desafio. Ainda era dia.
Queria bater meu próprio recorde de subir em menos de 9 minutos. Comecei primeiro a brincadeira. Parece não ter fim... Depois da curva, continua. Da outra curva, também. O ladeirão sempre foi meu desafio pessoal. Nossa relação vem da promessa de anos atrás de que, quando tivesse uma bicicleta, subiria sem parar para descansar. E assim foi! Desde a primeira bicicleta, nunca parei para descansar no meio da ladeira.
Cheguei, finalmente, ofegante, sem recorde... Vítor, logo em seguida. Depois Márcio (amigo de Marcílio)... Logo atrás, Marcílio. E ainda ficamos ali um pouquinho... Descansando e jogando conversa fora.
Não deu tempo de pegar o por do sol na descida do vale. Mas, a descida do vale é mais uma aventura singular do passeio. Uma ladeira cheia de cascalho, curvas e algumas valas para compensar tanta subida. Tem que tomar cuidado para não sair pela tangente. Dali ainda faltavam uns 8 quilômetros. E a água tinha acabado! Sou ruim de bike noturna, se não estiver bem iluminada. Nossa velocidade diminuiu bastante e ainda resolvemos parar para tomar uma coca-cola super gelada, já perto de casa.
Fechamos o treino, descendo da bicicleta com um intuito natureba. Com os faróis desligados, paramos a uns 200 metros de casa para apreciar as estrelas e ouvir o silêncio da noite. Coisa de gente doida mesmo!
Dentre as coisas maravilhosas que o fim de semana na roça nos proporciona, andar de bicicleta, certamente, é das mais! Sempre muito bom!
Definitivamente, não consigo viver a vida sem uma aventura! E isso me dá uma energia danada para começar a semana.
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