Por Vitor Hugo Moreau
Aceitei novamente fazer este release porque o mesmo precisaria render elogios especiais a uma pessoa que, se ela mesma escrevesse, sua modéstia não permitiria se elogiar. Luciana foi a peça chave da nossa vitória no Trote de Aventura. Digo vitória porque ficar atrás da Makaira numa prova dessa nem pode ser considerado derrota. Hehehehe...
Aceitei novamente fazer este release porque o mesmo precisaria render elogios especiais a uma pessoa que, se ela mesma escrevesse, sua modéstia não permitiria se elogiar. Luciana foi a peça chave da nossa vitória no Trote de Aventura. Digo vitória porque ficar atrás da Makaira numa prova dessa nem pode ser considerado derrota. Hehehehe...
Lulu foi guerreira e responsável pelo principal ato de
habilidade que nos rendeu o segundo lugar, o vice-campeonato baiano e a
classificação para a final do Brasileiro. Quando bateu aquele azimute em
direção à luzinha minguada do fifó de Luiz Célio no PC3 e disse: “Tão vendo
aquelas três luzes no alto do morro? Tão vendo uma luzinha ali embaixo, a
esquerda, na margem do lago? O PC tá ali”. Dito e feito, remamos em direção à
luzinha que insistia em sumir e reaparecer e lá estava ele, o famigerado PC3.
Mas peraí, eu estou me adiantando. Vamos começar do
começo... Hehehehe...
Saímos de Feira, do Centro Casademauroba de Corrida de
Aventura, onde tivemos uma bela noite de três horas e meia de sono. O primeiro
desafio, esquecemos os sanduíches de salame que tínhamos preparado pra corrida.
Sem estresse – sem estresse? – é, tá bom, com estresse, fui até a padaria
comprar mais pão e queijo para fazer novos sanduíches. Tudo resolvido. Nada que
não seja normal no improviso nosso de cada corrida.
Foto: Flavyo Lima |
O briefing foi bem divertido. Dudu é um cara muito alto
astral e o povo da CA dá o tom de gozação pré-prova que faz do esporte o meu
preferido. Logo na primeira explicação do mapa, deu pra ter uma ideia do que
nos esperava. O mapa projetado na tela tinha tanta curva de nível que mal dava
pra ver os PCs. O PC1 era no topo de um morro tão alto que só de olhar já dava
vertigem.
Achei ótima a ideia das fotos com o logo da prova, chupada
do Ecomotion. As fotos ficaram ótimas. Mais um ponto pra Dudu.
Pedimos três mapas. Ousadia minha. Por um momento, decidi
que ia navegar junto com Mauroba e Lulu do Agreste!!!! Abusado!!! Hehe... Lu e
Mauro foram logo marcando o mapa e, como senti que teríamos pouco tempo pra
analisar os mapas, tive intuitivamente a iniciativa de ir logo marcando os
trechos de bike se não desse tempo de marcar tudo.
Traçamos as estratégias, comparamos os mapas, preparamos os
equipamentos e pronto. Pronto pra largar. Um suquinho geladinho antes...
delícia. Todas as provas poderiam ter uns patrocínios assim, dando suquinhos no
início. Hehehe...
Contagem regressiva, saída! Todo mundo correndo como se a
prova fosse de cem metros rasos... nada de diferente. Corre, corre, corre. O
pessoal dos 50 km saiu de bike e logo se distanciou. Eu, como sempre, morri
três vezes nos primeiros cinco quilômetros. Eu sempre morro três vezes nos
primeiros 40 minutos de prova, hehehe. Sorte que ressuscito depois. A subida
era desgraçada. Precisei tomar uns empurrões de Mauro e Lu pra andar mais
rápido. Pegamos uma trilha rente ao duto que descia o morro e chegamos ao PC1,
onde estariam os mapas da prova de orientação. Eu estava tão morto nessa hora
que nem olhei os mapas. Mauroba e Lu deram conta de marcar os prismas e saímos.
Na descida todo santo me ajudou e recuperei o fôlego. Fora uma perdida no mato,
nada de mais grave na orientação. Pegamos os prismas um a um e fomos pela
estrada até o PC2, onde pegaríamos os caiaques.
Transição rápida, comidinha e saímos remando do PC2, no lago
da represa de Pedra do Cavalo. Foi menos sofrido pra mim pois não fiz leme
dessa vez. Deixei a cargo do meu amigo Scavuzzi sofrer com essa tarefa. No
início, o lago estava sereno. Muito bonito! Foi um remo muito agradável. Com
quase uma hora de remo, o vento ficou forte e as ondas começaram a bater.
Parecia mar! Uma ondas que subiam pelo barco e espirravam na nossa cara;
principalmente quando tivemos que cruzar o lago pra outra margem. O vento
castigou e o esforço teve que ser maior. Com mais de uma hora de remo, Mauroba
grita lá de trás: “Peraêêê!!!!”. Paramos... “Lu mareou!”. Putz! Luciana passou
mal com o sacolejo e vomitou. Olha, já passei mal mareado e sei como é ruim.
Não é só vomitar, é sua alma que parece escorrer corpo à fora. Mas fomos lá. Lu
suspirou fundo e continuou remando. Daí minha afirmação no começo deste release
que ela foi guerreira. Remar vomitando é F... Coisa de gente agreste. Hehehe...
Ainda mais, mareada, passando mal, ela chegou na ponta do lago – a terceira ponta
– e bateu o azimute do relato acima. Certinho. Toda escalifada, a danada ainda
navegou e achou o PC que nenhum marmanjo achou.
Quando batemos o PC, a folha estava em branco e Scavuzzi –
no bom e velho estilo Aventureiros do Agreste perguntou pra Luiz Célio: “Virou
pra segunda página” KKKKK! Ele respondeu: “Não, vocês abriram o PC”. OPA!!!
Isso deu o maior gás pra todos. Dei minha lanterna pra Luiz Célio pra facilitar
a sinalização pras outras equipes e saímos. Aliás, deixa eu frisar aqui: as
equipes que bateram o PC3 depois da gente tiveram ainda essa facilidade da
lanterna... Ponto pra Lulu navegadora!
Na segunda parte do remo, o lago deu uma trégua e as ondas
ficaram mais mansas. Ainda assim, Luciana continuou passando mal, hehehe...
Quando avistamos as luzes da barragem... que alívio! Tá chegando! Doce ilusão.
Quanto mais remávamos, mais as luzes se afastavam, hehehe. No desespero de
final de remo, eu e Scavuzzi gritávamos pra Lu e Mauro: “É essa a entrada! Vamo
entrar aqui mesmo!” KKKKK! Não, não entramos. Continuamos certinho, até a
enseada onde estavam os PCs 4 e 5. Entramos e as ondas sumiram. O espelho do
lago parecia sólido. Nenhuma ondulação. Liso. Passamos pelo PC5 que gritou que
o 4 era mais a frente. Remando para o PC4 tive noção da distância da natação e
pensei: “Fu...”. A sorte que trouxemos nadadeiras, o que ajudou muito na
natação, já que somos todos nadadores exímios... KKKK. Batemos o PC4. Esticar o
corpo, espantar as câimbras, ensacar o equipamento, por as nadadeiras e sair. O
nado foi super tranquilo. Com nadadeira deu até pra rebocar Mauroba – que não
trouxe a dele. O cara-de-pau ainda abriu a boca pra dizer: “Esse é o nado mais
fácil que eu já fiz...” KKKK. Nem uma batidinha de perna pra ajudar!
A essa altura, sabíamos que a equipe mais próxima de nós que
tinha batido o PC3 era a Pelaskdo, que chegou no PC4 quando a gente estava
saindo. Vimos que eles demoraram no nado, então nos adiantamos no trekking rumo
ao PC6 onde pegaríamos as bikes e deixaríamos os coletes e nadadeiras. A partir
do PC5, ficamos colados na Kaaporas até o final da corrida mas como sabíamos
que eles haviam perdido o PC3, nossas preocupações permaneceram na Pelaskdo
que supostamente vinha na nossa cola.
Um pequeno intercurso pra achar a trilha que uma escavação
tinha destruído e fomos, seguindo a cerca e, depois, a própria trilha em
direção ao PC6. Pegamos as bikes e saímos. Ficamos sabendo que o trekking entre
os PCs 7 e 10 teria sido cancelado, o que pra mim foi um alívio. Nem peguei no mapa que a essa altura estava
guardado no fundo da mochila. Quem sou eu pra navegar quando tenho Mauroba e Lu
na equipe.
Nesse trecho, enquanto subíamos uma ladeira forte, eu na
frente, ouvi o som de uma bike chegando... nenhum dos meus companheiros a essa
altura estava com disposição pra subir essa ladeira tão rápido... quem seria?
Quando foi me ultrapassando, antes de entrar no foco do farol, percebi que era
uma mulher... a manga da camisa azul... Makaira! Era Gabi. Logo atrás, Naru
emparelhou comigo e com a cara mais cínica, falou: “E aí... tudo bem?” KKKK!!
Desgraçados, perderam o PC3, voltaram pra pegar, perderam um tempão e ainda
foram buscar o prejuízo! Achei que ainda dava pra fugir deles mas eles nos
pegaram ainda no primeiro trecho de bike. KKKK. Fazer o que, né? Continuar e buscar
o segundo lugar!
Bike é a modalidade que mais gosto e cresço quando ela
chega. Lu sempre fala que o navegador deve ser um dos atletas fortes da equipe
porque navegar cansado é uma M. Acho que isso foi minha deixa na hora. Como
estava bem na bike, após o PC10 assumi a navegação. Como navego rápido de bike
– acho que tenho bom raciocínio pra isso – Lu e Mauroba foram meio que deixando
rolar e confiando. Embora em alguns momentos eu sentisse que rolava uma certa desconfiança:
“Peraí, deixa eu ver...”. Em alguns momentos de hesitação, Mauroba dava o
veredito: “Pode ir, é aqui mesmo”. Achei ótimo revezar a navegação. De
preferencia com o atleta que estiver melhor na modalidade. Dessa forma, Mauro
navegou no trekking, Lu no remo e eu na bike. Foi 10!
Entre o PC10 e o 11, o cabo do câmbio traseiro da bike de
Mauroba soltou. Perdemos um tempo tentando concertar mas no final, ele teve que
fichar o câmbio na 2 e trabalhar só com o dianteiro. Isso deu um baque na moral
mas seguimos na guerra.
Pegamos o PC11 e descemos a famigerada ladeira de Muritiba
pra Cachoeira – ou será São Félix? Muita propaganda. A ladeira nem era tão
miserável assim. Pelo menos não sem os carros passando nela. Atravessamos a
ponte pra São Félix – ou será Cachoeira? Hehehe. E batemos o PC12.
Nesse momento, eu gostaria de retirar todos os elogios que
fiz a Dudu. Aquele desgraçado, miserável, sacana fez a gente subir uma ladeira
que se eu tivesse fôlego pra gritar quando cheguei lá em cima, eu teria batido
um papinho com Deus. Que ladeira miserável. Qualquer dia, quero voltar lá pra
fazer uns treinos naquela ladeira. Obrigado Dudu. A gente gosta muito de você.
#soquenaoporisso. Hehehe... Um passarinho de meia idade me contou que Naru
zerou a ladeira mas eu só acredito vendo com meus próprios olhos. Ou se ele
mesmo me contar... Hehehe.
Daí até quase o PC13 foi só ladeira. A maioria subindo,
claro. Empurrando mais que pedalando. Hehehe. Destaque para um down hill em
single track antes da linha do trem. Muuuuuito legal! Principalmente a noite.
Valeu muito a pena encarar as subidas pra descer esse trecho.
Batemos o PC14 e o 15 sem maiores intercorrências; uns trechos
de estradões bons de se pedalar, quase planos. Muito legal! Chegamos ao PC16 e
partimos para mais um trekking. Dessa vez, em direção ao rapel. Era hora de eu
voltar a sofrer. Algumas vezes, fui de novo rebocado por Mauroba e Lu, enfim...
CA é isso... Hehehe.
O rapel era outro bicho papão da corrida pra mim. Outro que
não foi nada demais. Fiquei até com vontade de fazer. Pensei até em pedir pra
Dudu pra ir também mas o fantasma da Pelaskdo atrás de nós não deixou. Mauroba
e Scavuzzi desceram e voltamos pro PC19. Na ida pro rapel encontramos várias
duplas que estavam na nossa frente e percebemos que, na volta, poderíamos ter
noção se havia alguma equipe ameaçando nosso segundo lugar. Feito. Não
encontramos nenhuma equipe. Isso significava que estávamos longe do terceiro
colocado. Relaxamos. Chegando de volta ao PC20, tivemos a confirmação que todas
as outras equipes, incluindo os até então ameaçadores da Pelaskado, tinham sido
cortadas. Ufa! Daí a corrida virou passeio. Pegamos as bikes e fomos brincando,
rindo, sacaneando uns aos outros, como bons amigos Aventureiros do Agreste.
KKKKK... Até paramos pra comprar uns geladinhos na entrada da cidade. Discutir
se era melhor de acerola ou de guaraná... kkkkk. Bater papo com o moleque que
tentava nos acompanhar de Barra Circular na ladeira... Hehehe...
Chegamos na praça onde estava o pórtico como quem chega de
um passeio na orla de Villas do Atlântico... rindo, brincando... Nem parece que
estávamos todos estropiados. Foi ótimo! Adorei! De novo! Meu tendão não doeu
nada! Morri três vezes mas ressuscitei todas as três! Quase perdi a sola do pé
numa bolha! Ótimo! E ainda pegamos a flâmula de liderança no PC6!!!! Valeu
Aventureiros! Valeu Lu, Mauroba e Scavuzzi! Segundo lugar, Vice-campeões
Baianos de Corrida de Aventura, classificados pra final do CBCA...
Assim que acabou a corrida, pensei. Não! Não vou pro CBCA,
quero dar um tempo pra descansar. Hoje... talvez... Até 15 de novembro, quem
sabe. Hehehehe...
P.S.: Corrida de Aventura é um esporte que exige
inteligência, resistência e brutalidade. Um tripé. Se qualquer um desses falta,
a equipe se prejudica. Quero parabenizar a Makaira que foi inteligente pra
voltar e pegar o PC3 mesmo sabendo que perderia muito tempo; bruta pra correr
atrás e chegar duas horas antes da segunda colocada e resistente... bem, será
que precisou de resistência? Os caras chegaram tão inteiros no final que parece
que o Trote foi, também pra eles, um grande passeio;
P.S.2: Terminar uma prova de CA significa cumprir todas as
etapas. Ninguém é capaz de prever o que uma perdida a mais, uma perna de remo a
mais, uma intercorrência a mais podem fazer no resultado da prova. Um pequeno
atraso pode abalar tanto o psicológico de uma equipe a ponto de fazê-la
desistir de uma prova inteira. Como Lulu sempre diz: “Quando passa de cem, o
buraco é mais embaixo”.
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