Perrengue de Corrida de Aventura nem faz cócegas diante dos
desafios que a vida tem jogado em minha cara. Sabendo que não há injustiça Divina, entendo
tudo como merecimento. Nada acontece que eu não seja capaz de suportar, por
isso aceito os desafios com gratidão. Algumas vezes esperneio porque ninguém é de ferro. Pergunto a Deus se ele não
está exagerando... Bem.. Se ele responde, ainda não consegui compreender. Tem
sido um ano de muita luta! Bom é que a vida nos dá muitas chances de recomeçar e
nada como um amanhecer para renovar as esperanças. E foi nesses quase 10 anos
de Corrida de Aventura que arrumei ainda mais forças para enfrentar os
perrengues da vida.
Dentre as notícias boas (afinal não estou aqui pra
lamentar), estamos engrenando nosso patrocínio com a Targa Náutica. Os laços
vêm se estreitando porque a gente sempre está pinotando por cima de um pódio
por aí afora. As camisas vão pro forno, os coletes estão prometidos, as
inscrições garantidas, e por aí vai a nossa viagem.
Inexperientes que somos com essa coisa de patrocínio,
algumas vezes esquecemos de levar o modesto kit divulgação, outras vezes
esquecemos de postar no Facebook. Mas, sabemos que temos muito a melhorar,
muito que treinar, muito a nos dedicar. Isso é só o começo!
Voltando à corrida, por causa desses perrengues, depois da
primeira etapa do CICA, só aparecemos agora, na quarta e última etapa. E faltou
pouco pra gente não ir. Mas, quem tem um marido como o meu não pode reclamar de
muita coisa. Ele organizou tudo, de tal maneira que só precisei ir pra prova.
Aproveitamos para passar o fim de semana com a família em
Feira de Santana...
Domingo cedinho estávamos no local combinado. Mas, não era
ali não. Percorremos um trecho de 2km até a beira do rio Jacuípe pra deixar as
bicicletas. Meu carrinho, coitado, que não curtiu essa ideia. Vai ter que ir ao
mecânico em breve.
De lá, voltamos pra Marina de Feira, local da largada.
Tínhamos três problemas básicos nessa prova:
1. Falta de treino. Meu querido treinador Tadeu bem sabe que, mesmo antes do Desafio dos Sertões, estávamos treinando o que dava. Depois disso a coisa degringolou geral, rsrs!
2. Levamos pouca comida pro primeiro trecho de trekking, sem contar que já estávamos com fome ali, antes de largar. Falha nossa!
3. Meu amor levou apenas uma mochila pequena pra nós dois, daquelas de ciclismo. Coisa que a gente nunca fez. E, com uma mochila tão pequena, onde colocaríamos nossos tênis? Sem queixas, Lulu! Você não ajudou em nada, fica quieta!
1. Falta de treino. Meu querido treinador Tadeu bem sabe que, mesmo antes do Desafio dos Sertões, estávamos treinando o que dava. Depois disso a coisa degringolou geral, rsrs!
2. Levamos pouca comida pro primeiro trecho de trekking, sem contar que já estávamos com fome ali, antes de largar. Falha nossa!
3. Meu amor levou apenas uma mochila pequena pra nós dois, daquelas de ciclismo. Coisa que a gente nunca fez. E, com uma mochila tão pequena, onde colocaríamos nossos tênis? Sem queixas, Lulu! Você não ajudou em nada, fica quieta!
Nada disso tirou a gente do jogo, nem o nosso humor. Decidimos
ir pensando o que fazer, rs!, no meio da prova.
O tempo estava uma beleza para uma Corrida de Aventura.
Friozinho gostoso, garoa fininha. Trilhas, relevos e vegetação, o mapa prometia
cabeça ocupada por, pelo menos, quatro horas.
Os três primeiros prismas eram de orientação, com um mapa
diferente, até chegar ao PC1. Estabelecemos nossa sequência e partimos pra
prova no trotezinho. Foi uma orientação tranquila, um começo de prova muito
bacana, cheio ladeiras, valas, espinhos, cansanção. Aquela adrenalina da
largada... Nada mais gostoso para deixar a vida da pessoa toda problemática e
sequelada mais leve!
O PC2 era pra ser uma coisa horrorosa! Um trekking até o
topo do morro, com poucas opções de trilha! Vitor contava passos até a hora do
ataque pra subida. Ali estávamos junto com a dupla mista da Caatinga Trekkers.
Começamos a subida juntos, e junto com Marcelo e Claudio também, nossos irmãos
Aventureiros do Agreste. Preferi atacar por onde achava que encontraria uma
trilha em linha reta. No começo foi até fácil subir beirando a cerca, travando
no azimute certinho. Depois a coisa ficou séria! Apareceu uma pedra enorme na
frente da gente e a mata fechou. Os cansanções e mandacarus apareceram aos
montes. Treva! Mesmo assim, subimos, rasgando matos nos peitos. No caso de
Vitor, nos ovos, rsrsrs! A pessoa meteu os ovos no cansanção! Nunca tinha visto
isso em minha vida!
Conta feita, pegamos nossa esquerda e lá estava o PC. Demoramos tão pouco pra
encontrar o PC2, que fiquei confusa, rs! Coisa de mulherzinha mesmo! O
planejamento da descida foi até esquecido por alguns minutos. Ficamos
discutindo o sexo dos anjos em pleno PC2, perdendo tempo e dando pista pra
outras equipes, rs! Mas, enfim, descemos, sempre abrindo caminho até cruzarmos
a primeira trilha e encontrarmos a segunda, que nos levaria até o PC3. Delícia
de descida! Logo chegou uma cavalaria. Estávamos na frente de uma galera da
zorra! O povo descia muito afoito, e o que teve de gente pegando trilha errada
não está no gibi! Nada como um azimute pra fechar o diagnóstico nas bifurcações!
Sei que preciso e devo navegar mais rápido, mas não tem nada que pague o preço
de navegar sem errar. A gente acaba se dando bem sem desespero. Aliás,
desespero sempre me tira de prova.
Depois da chuva, as pedras do rio ficaram extremamente
escorregadias. Limo puro. Qualquer vacilo era
suficiente para uma boa queda. Confesso que atravessei sem agrestia, respeitando
pedra por pedra. Preferia até enfiar o pé na lama a pisar numa pedra.
Lá no PC3, pegamos as bicicletas numa transição até rápida.
Uma boiada passara minutos antes da nossa chegada, derrubando várias
bicicletas, inclusive as nossas. Estava tudo meio bagunçado. Ainda bem que nada
quebrado! Quanto aos nossos tênis: um par foi pra rede da pequena mochila,
outro para os bolsos de Vitor. Eu corri sem nada, minha gente! Livre, leve,
solta e feliz da vida por estar ali.
Do PC3 ao PC4 percorremos quase 3km pela beira do rio. Um sigletrack gostoso, fácil, sem muitos obstáculos, exceto pelos
galhos baixos das árvores. Marcelo e Claudio fizeram a prova quase toda com a
gente. Eles navegando de lá, nós navegando de cá. Não abro mão da navegação
pra seguir ninguém. E acho o fim da picada quem faz isso! Fazer prova encarneirando sai completamente da essência da
Corrida de Aventura.
Bateu 2.8km, entramos para esquerda por um pasto cheio de
vaquinhas bem no meio da trilha. Tinha até vaca parida. Mas, bastou gritar “ô ô
ô ô” que elas foram saindo da frente. Nem precisamos parar de pedalar.
Chegamos no PC4 sem muita demora e seguimos para o 5. Uma
estrada tranquila até chegar ao corredor de cerca. Pena que escolhemos o
caminho mais curto! O melhor caminho era um pouquinho mais longo. O problema é
que nem sempre dá pra saber só olhando no mapa. Pedra como a zorra! Era preciso habilidade. Como uma cagona
pedalando, acabei empurrando a bicicleta nos momentos mais tensos. PC5, te
encontramos!
Pedala, pedala, pedala! Pasto, singletrack, subida, descida.
Minhas pernocas já doíam. Esse negócio de não treinar é brabo! Mas, a gente foi
lá pra relaxar e isso a gente tava fazendo. Que coisa boa que é não pensar em
nada fora dali! Absolutamente nada! Que delícia aquele contato com a natureza!
Até lembrei de tomar um gel de carboidrato pra ver se a perna ficava melhor.
Rsrs! É o que a pessoa pensa: comer, beber água, navegar, azimutar pra não sair
do caminho... Uma verdadeira limpeza da mente!
Chegamos no PC6, fomos pro 7 sem demora pra não pegar o
corte. Até caí de joelhos no caminho de pedras. Só faltava rezar!
Por 7 minutos fomos cortados. E muita gente boa foi cortada
também! Não estávamos tão mal. Desviados para o PC12, ainda era preciso navegar! As distâncias estavam
precisas mas, era necessário atenção às bifurcações! A entrada do PC13 estava
ali, quase a gente passa direto.
Mais corredor de pedras, mais sigletrack! A dupla mista da
R2 estava por perto. A pressão de ir atrás e não deixar passar não me
contaminou. Minhas pernas ardiam tanto! Claro que queria continuar em
segundo lugar! Mas, se não desse, paciência! Eles estavam na companhia da
Makaíra e isso os ajudava bastante. Sem navegação fica bem complicado chegar a
qualquer lugar, isso ninguém pode negar! Sem perna também não! Cada um com seus
problemas.
A chegada se aproximando e ainda nos embrenhávamos por muito
mato alto. A trilha era quase fechada pra pedalar, cheia de espinhos e ainda
tivemos que pular duas cercas com as bicicletas. Deu trabalho chegar até a
estrada! E, mesmo na estrada o sofrimento continuava, as ladeiras pareciam
infinitas. Até meu super marido ciclista sentiu. Se aparecesse uma equipe atrás
de nós, estávamos ferrados! Não aguentava pedalar mais do que aquilo nem a
pau!
Exauridos, chegamos, felizes com nosso terceiro lugar! A comida deu, a água também, conseguimos guardar nossos tênis... Foi
massa!
Parabéns à Caatinga Trekkers que, como sempre, fez uma
grande festa de Aventura pra nós! Uma prova simples, enxuta, desafiadora e
precisa.
Agradecimentos:
Aos meus amigos Aventureiros do Agreste, à Targa Náutica, ao
meu marido lindo e minha família querida.
Até a próxima aventura!
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