A Noite do Perrengue continua na categoria “Festa Imperdível”
da Corrida de Aventura. Novidades como o Spot, carro de apoio de primeira, COE (Comando de Operações Especiais da Polícia),
medalha de Finisher e o tradicional café da manhã fizeram parte da lista de
mimos para os atletas mais exigentes que praticam o esporte... Esse ano foi ainda mais especial por abrir
o Campeonato Baiano de Corrida de Aventura 2018.
Nossa equipe estava em peso por lá, distribuída entre
quarteto, duplas mistas, masculinas, sem contar com nossos queridos ex-alunos da
Escola de Aventura do Agreste. Foram 17 ex-alunos da Escola na NP5. Muitos
deles já estão “infiltrados” entre os Aventureiros do Agreste, outros montaram
suas próprias equipes e são atletas super fortes, que entram em briga de
“cachorro grande”. E tudo é lucro para o esporte! Viva essa festa maravilhosa,
a diversidade e as equipes de todas as idades!
Pra começar o ano, mexemos um pouco na composição das
equipes. Fiquei na dupla mista com Tadeu, e Vitor, que tem feito dupla comigo há uns 4 anos, foi pra o quarteto com
Gabi, Mauro e Scavuzzi. As outras duplas foram formadas conforme suas afinidades
e muitas camisas da Aventureiros e da Escola se espalharam por tudo que foi
canto em Sauípe.
O briefing virou uma confraternização cheia de amigos
queridos. Os novos, os antigos e os do meio. A pessoa fica até na dúvida sobre
quem vai abraçar primeiro, os sorrisos se misturam no meio de tanta adrenalina
pré-prova.
Das pequenas surpresas da prova:
1. Mapa, só depois da largada, no Rogaine (Pista de Orientação);
2. Enquanto um atleta corresse o Rogaine (no caso,
eu), o outro faria o planejamento da prova (no caso, Tadeu).
O detalhe é que nunca fiz uma prova de Corrida de Aventura
com Tadeu. Já corremos em dupla Trail Run e Mountain Bike. Aventura,
nunca! Nem treinamos juntos nos últimos tempos, por conta das agendas atribuladas. Viva as experiências novas também!!!
Quando ele me olhou fingindo calma, explicando que nossa navegação era diferente, que ele escrevia pouco no mapa, não colocava azimutes e contava as entradas, blá, blá, blá... Fingi tranquilidade e disse que escrevesse o que achasse importante e plastificasse o mapa. Qualquer detalhe ajustaríamos no caminho. Nada de pânico, não restava outra coisa a fazer.
Quando ele me olhou fingindo calma, explicando que nossa navegação era diferente, que ele escrevia pouco no mapa, não colocava azimutes e contava as entradas, blá, blá, blá... Fingi tranquilidade e disse que escrevesse o que achasse importante e plastificasse o mapa. Qualquer detalhe ajustaríamos no caminho. Nada de pânico, não restava outra coisa a fazer.
Largamos de bicicleta por volta de 22:40h do sábado. A
distância até o Rogaine era tão curtinha que foi melhor guardar as sapatilhas na
mochila e pedalar de tênis pra facilitar a transição. Tadeu preferiu correr a prova toda de tênis.
Quando entrei na pista de orientação e vi aquele mundo de
lanternas dançando pra lá e pra cá, esqueci completamente que sou uma Orientista também. Meio atordoada, terminei o balizamento e corri
para o prisma 90, meio que pra o lado errado, rs! E só depois do encontro com o
primeiro prisma que me aprumei na vida.
Corri para o prisma 91, onde encontrei Fábio, Maurão e
depois Eber. Um encontro feliz! Trabalhamos em equipe até o fim, contando
distâncias, correndo juntos, achando prismas. Entre moitas, árvores, fios de
alta tensão, breu, buraco, areia e espinhos, o mais difícil de alcançar mesmo
foi o tal 92, que estava em cima de um pequeno morro e só conseguimos alcançá-lo
na terceira tentativa porque a mata fechava. Mas, nada que um azimute correto
não resolvesse.
Não tenho a menor ideia de quanto tempo passei na
orientação. Talvez a metade das bicicletas ainda estivessem lá, talvez não.
Tadeu esperava com o mapa plastificado nas mãos, contendo
três setas apontadas para trilhas e três distâncias anotadas em letras muito
miúdas para a minha idade. Preocupado em escrever demais, não escreveu nada. Pelo menos ele plastificou porque eu levei o contact na mochila pra fazer o Rogaine, mas até o final da temporada a gente equilibra essa “co-navegação”. Até o
mapa extra ele esqueceu de pegar, rs!! Falha nossa!
Passei o zóio no mapa e fomos navegando “a
granel”. Pedalamos até a saída de serviço do Complexo Costa do Sauípe, onde o
Grupamento do COE estava a orientar na travessia da BA 099. Aquele pessoal de preto,
todo trabalhado na elegância, deu a maior moral pra corrida. Pressão retada!
Até o PC 3 foi estradão. Até o 4, idem. Mas muitas ladeiras
nos separavam entre um ponto e outro. Tadeu, que estava bem mais condicionado
do que a “fofa” aqui, em sinal de solidariedade à minha pessoa, olhava pra trás
de vez em quando ou esperava lá na frente quando eu demorava de aparecer. Decorei
boa parte das referências, conferia o mapa quando podia e seguia em frente,
evitando paradinhas, já que a navegação estava tranquila.
Acho que foram 24 km até o PC 4, no Bar do Lourenço (será
que era esse o nome?). Até lá, ultrapassamos algumas equipes e fomos
ultrapassados por muitas outras, incluindo nossos queridos Luana e Gabriel.
Luana, praticamente, assoviava enquanto passava e eu acho isso a maior
sacanagem, kkkk! Brincadeira! Esses dois têm o meu respeito e fazem jus aos
seus treinos e todas as qualidades que têm como atletas de Corrida de Aventura.
Sei que chegamos no tal do bar para a transição de bike para uns 12km de trekking. Optamos pelo sentido contrário, do 9 para o PC 5, até dar a volta e chegar ao bar outra
vez. Seguimos pelo estradão por quase 2 km até a entrada da trilha. Acabamos na
companhia de David e seus amigos. Quem tem amigo tem tudo, melhor ainda se for
um Insano. Estivemos próximos por bastante tempo.
Fomos felizes com a escolha. Nosso quarteto passou por nós e todos estranhavam que caminhávamos
no sentido contrário. Teve até um engraçadinho que fez piada achando que
estávamos perdidos.
Aquele trekking foi bem legal! A lua em algum lugar, entre nuvens ou não, clareava as copas dos eucaliptos, que formavam um
corredor imenso, exalando aquele velho cheiro descongestionante. Também atravessamos
alguns pequenos rios. Aproveitei pra comer bastante por saber que a bike não
seria brincadeira. Tadeu manteve-se por perto, estimulando a corridinha,
coletando informações de distâncias e referências, ajudando a encontrar os PCs
e fazendo as selfies. A co-navegação funcionou muito bem no trekking.
Massa que chegando no PC 6, aquele de cima do morro, subimos no azimute e caímos bem no lugar. Como não procuramos
direito, uma distração nos custou cinco minutos de prova, que não comprometeu
muita coisa. Do 5 para a transição tinha bem mais trilhas do que
estava no mapa, mas o azimute nos garantiu o caminho certo.
Enfim, a transição para bike novamente! Depois de atravessar
tanto rio, não foi uma surpresa encontrar companhia no tênis. Uma sanguessuga
aguardava seu momento de encher a barriga. Ô bicho horroroso e grudento. Não
queria sair não.. Só um “peteleco” mesmo! Que nojo!!
Ali estávamos em terceiro entre as duplas mistas de 100km. O PC 11 estava localizado lá em cima, no
norte, quase saindo do mapa. Muita ladeira, minha gente! Muita mesmo! E a gente
não queria ser ultrapassado.. Na verdade, a gente queria mesmo era encontrar
equipes pela frente. Meu corpo variava nas sensações. Tinha hora que a perna
ardia, outra hora a garganta secava, na outra os bofes queriam sair... E eu ia
administrando.
O PC 11, na igreja em ruína estava fofo para uma selfie. Já
era dia, a vila acordava. Entramos na estrada à direita e seguimos para
encontrar as três pontes que teríamos como referência. Para nossa felicidade, numa
dessas ladeiras monstruosas encontramos uma dupla mista. Foi nesse momento em
que Tadeu colocou a faca entre os dentes e carregou minha bicicleta até o topo.
Foi massa e teve BIS!
Eu não estava com esse treino todo não, mas fiz tudo o que
pude. Aqueles 46km pareciam sem fim. Não acabava nunca! A comida
caía, o mapa escorregava.. Sem contar que, quando você está cansado, acha logo
que o pneu da bicicleta está furado.. kkkkk!
No PC 12, a outra ruína, a selfie e uma pequena trilha para
cortar o caminho. Atravessamos o rio e subimos uma ladeirinha até um cruzamento
de trilhas. Como sempre, o velho e bom azimute nos direcionava para a subida.
Mas a rebelde Lulu resolveu seguir pra outra direção. A razão só Jesus Cristo
sabe... Perdemos uns 15 minutos nessa brincadeira sem graça e pedalamos ao máximo para
recuperar o tempo perdido, sem saber se a dupla estava atrás ou na frente.
Sorte que não tenho câimbra, porque seria o dia. Pedalamos
loucamente!! Eu aproveitava cada descida no embalo. De dia fica mais fácil!
Quase certos de que a dupla mista tinha ficado pra trás, que
surpresa a nossa! Pegamos um retão, uns 5 km antes do asfalto e olha quem está
saindo do toalete?? A dupla! Cada um de um matinho.. rs! Nossa!! Meu gás voltou
todo de novo. Faltava muito pouco...
Chegamos no PC da canoagem depois do corte, bipamos o Sicard
e partimos pra chegada. Tentava nem olhar pra trás pra nem saber se estavam
perto ou longe.. Confesso que não curto pegas de fim de prova. Faltava muito pouco!! O
asfalto apareceu de novo, depois a entrada de serviço para o estradão do
Quintas, mais uns 2 km até a portaria, a casa... O coração na boca até o
pórtico de chegada!
Ufa, que prova!!! Conseguimos ficar em segundo na dupla
mista e ficamos sabendo que as duplas femininas pontuavam na nossa categoria
também. Resultou que umas monstrinhas do sul (mãe e filha- a filha com 15 anos)
ficaram no lugar mais alto do pódio, depois a Kaaporas do querido Luis Célio. E
nós, em terceiro lugar!!
Querido amigo, Tadeu, muito obrigada pela companhia e
parabéns pelo seu condicionamento físico! Foi uma ótima corrida!
Como sempre, sou grata!! Pelos amigos, pelas escolhas, pelos
lugares, pelos encontros, pelos sorrisos e abraços! Foi uma prova diferente
para mim. Estive mais calada.. rs! Juro!!... Sério! Kkk! ...
E as histórias de 2018 só estão começando...
Comentários