A gente tem se encontrado tão pouco. Cada um com suas demandas de estudo, trabalho, família, casa, papagaio, periquito. Sem tempo nem pra treinar junto... muitas vezes, nem mesmo separados. Mas nada como uma Corrida de Aventura pra promover reencontros felizes! Por isso, marcamos uma farra no mato pra matar a saudade. Uma noite de muitas risadas, muito suor, muitos peidos (não fui eu, eu juro!). Uma Noite do Perrengue para dar aquela terapeutizada no ser humano.
Quarteto: Scavuzzi, eu, Vitor e Mauro.
Com largada prevista para 16h, o cronograma
já incluía a metade da manhã. Como sou meio agoniada, saímos de casa
pouco depois das 9h pra ter tempo pra tudo.
Já na Reserva Imbassaí, passava das 11h da manhã, quando Scavuzzi
mandou uma mensagem dizendo assim:
- Deu m... Perdemos a roda de
Mauro.
Aí a pessoa quer acabar com qualquer tipo
relacionamento! 😱 Isso enfraquece a amizade, gente! Ligo pra saber os detalhes...
Esqueceram a roda da bicicleta fora do carro e só perceberam quando já
estavam na Av. Paralela. Não encontraram mais, mas a roda da bicicleta da filha
de Scavuzzi, Nanda, coube direitinho, com o pequeno detalhe dos contornos cor de rosa e
do freio pegando um poquito. Ok, então! Chegaram tarde mas chegaram e deu tudo
certo. E eu estava numa calma que só vendo.
Almoço com a galera |
Por conta de um acidente com uma atleta que correria a prova, a largada atrasou meia horinha. Disseram que ficou tudo
bem e ela só precisava de cuidados especiais. E que bom que a
organização dispõe de ambulância pra qualquer intercorrência! Isso que é prova
organizada! 😊
Enquanto isso, a gente confraternizava
naquele grande encontro de amigos novos e velhos. Lá estavam vários atletas
formados em várias turmas da Escola de Aventura do Agreste, representando
várias equipes, várias tribos e também no Staff.
Acabou que, como de costume, os mapas foram
entregues com um tempo curto pra fazer qualquer planejamento detalhado.
Ficamos brigando pra ser atleta de percurso. Ninguém tava a fim de navegar, mas
na hora do “Vamo ver” nos debruçamos naquelas 3 folhinhas e mandamos ver no que
deu pra fazer. E quando a gente acabava de escrever o que queria, Vitor e
Scavuzzi iam plastificando.
A felicidade por fazer o que gosta é tão grande que tudo vira farra. Não precisa
ficar falando muita coisa, combinando demais, só de olhar a gente já sabe o que
fazer. No fim das contas, a gente levou muito à sério aquele negócio de
dar risada a noite toda.
Largamos naquele bolôlo gostoso, correndo
pela areia da praia e suando feito condenados. O sovaco de Mauro começou a dar
sinais de vida própria nos primeiros metros de prova. Logo no começo da prova é uma
coisa surreal! O cheiro tão forte me fez vislumbrar nossa situação pela madrugada afora. 🤨 Ele até tentou me acusar mas, com tantas testemunhas olfatais, teve que assumir. 😂
Depois de 2km pela beira da praia, entramos
pelas dunas pra encontrar o primeiro PC. Minha terapia já estava no auge do seu
efeito e o mundo lá fora não parecia complicado. O mundo lá fora nem aparecia
em minha tela mental, apenas o mapa, as dunas, os matos e os PCs que precisava
encontrar. 🧘♀️
O PC2 estava no meio das dunas de Diogo,
entrando pela praia de Santo Antônio, bem escondidinho. Subimos e descemos dunas para achar o PC3, numa
trilha bem sombreada. Àquela altura, a noite caía, mas o calor não caía não.
Decidimos entrar na Vila e fazer a volta pra alcançar o PC4, entendendo que
ficaria mais simples atacar pela trilha do que pelas dunas e que o deslocamento
seria mais fluido. Assim fizemos e deu muito certo. Apesar das ladeiras, logo
chegamos até a ponte, encontramos a trilha e o PC. E muitos amigos também.
Fomos pras dunas de novo pra achar o 5. Pegamos
uma trilha, chegamos até uma bifurcação, outra, seguimos no azimute e não
encontramos o PC. Encontramos sim, uns 50 atletas, varrendo mato. Todo mundo
conversando, rindo, contando piada, entrando em charco e caçando o PC. Mauro
queria água, queria rio, queria molhar o pé. Todo mundo sumiu, nós entramos e saímos do charco umas
3 vezes. Quando decidimos voltar pra encontrar a trilha de referência,
tropeçamos no PC, nos olhamos com cara de surpresa, tiramos nossa foto e
seguimos.
Vitor ficou com raiva. |
A conversa fluiu horrores no caminho até o
PC6. O céu estava magnífico, mesmo com algumas nuvens, porque as estrelas não
quiseram nem saber de ficar escondidas. Scavuzzi arriscou até uma navegação via
cruzeiro do sul, começou a divagar com Vitor aquelas conversas que nem arrisco
tentar entender.
Kikuti estava pelos arredores do PC6 com
seu parceiro lá do Sul. Rolou uma história de que o PC6 estava deslocado, mas foi a gente que se deslocou mesmo. Mas, enfim, nunca mais encontramos
Kikuti. Quando cruzamos a linha de chegada ele já tinha até tomado banho. O que
considero a maior humilhação, mas tuuudo bem! 🤣🤣🤣 Parabéns, Kikuti!!! Você é nosso herói!
Quase 2km depois, encontramos o PC7 dentro da vegetação. Os meninos queriam achar uma greta no muro do condomínio, mas achei uma mão
de obra tão grande que, perdoem, não valeria o sacrifício de maneira alguma. Seguimos
pela praia, pegamos a trilha até o portão e chegamos no Clube
Social para a transição.
Restaram poucas bicicletas na transição. Muita
gente tinha passado, estávamos entre os últimos. Enchi o bucho de comida e
fiquei pronta pra partir. Ainda tomei um café quentinho que brotou das mãos de Arnaldo. Aff! 😋 Já contei que amo tomar café na prova? Amo café qualquer hora! Sou uma
conquistadora barata pra pedir café pelas casas durante as provas. Ainda pergunto se tem leite.
O PC 9 estava em outro mapa, em outra
escala. Seguindo por alguns quilômetros pelo asfalto, acessamos a Vila e não
demoramos a encontrá-lo. O 10 foi de boa também. Lembro até que choveu mas tava
tão quente que achei foi pouco.
Fomos encontrando vários atletas pelo
caminho, tanto dos 40km quanto dos 100km. No PC11, bem na árvore, estávamos em
bando. Gilson e Gilton (que parece dupla sertaneja), Léo e seus 3 filhos lindos,
Paulinho, Glad e Maaauuu, nosso quarteto... Gente demais! E peidaram parecendo
uma motocicleta alucinada. Não sei de onde veio aquela bomba, todo mundo ficou
constrangido e eu tive que sair de perto do pessoal pra não me colocarem no meio
da história. Afinal só tinha eu de mulher ali e não costumo fazer esse tipo de
coisa na frente das pessoas. (Quase morri de rir enquanto escrevia esse
parágrafo!) 😂😂😂😂
Oito PCs de bike até a transição ficou
pesado pra quem não estava com o treino dia. Foram 45km de singletracks, subidas, descidas, valas, troncos, galhos, areia fofa. Na verdade, nenhum dos quatro tinha
treinado muito não mas, como já disse lá no começo, era disso mesmo que a gente
precisava. E talvez seja melhor ninguém seguir esse exemplo, porque a cabeça não
aguenta se você parar. É paciência que tem que ter? A gente tem também! E
continua se divertindo.
As distâncias entre os PCs 12, 13 e 14
foram as maiores. Para a minha surpresa, olha nós na Reserva da
Sapiranga! 🚴♀️🚴♂️🚴♂️🚴♂️ Vixe Maria, gente, eram quase 2 da manhã!! Saímos da estrada depois
do PC13, seguimos por um singletrack, alcançamos o 14, encontramos uma pista
depois de um emaranhado de estradinhas e ploft! Olha quem estava ali? A
Igrejinha da Sapiranga!
Encontramos o PC15, descemos pra o 16, lá
embaixo mesmo, depois de passar pelo túnel, subir e descer um bocado de chão de areia fofa. Vale ressaltar que o pagode estava “comendo no centro” no bar
da Reserva. Deu vontade de comprar uma água mas a vontade passou
rápido.
O PC17 já era a transição para canoagem e natação. E
não tem nada melhor do que acabar com o tédio, encontrando Mônicas, Mauros, Lenes, Cecílias, Gaias e uma cacetada de atletas no PC... Pra dizer a verdade, eu não tava entediada não, mas a gente precisa dar uma valorizada no pessoal, citar os nomes, essas coisas... Tinha Coca-cola, açaí e água pra aliviar
a vontade de comer coisas de gente normal. Não gosto de açaí porque nunca comi. Mas, uma coisa que aprendi em Corrida de Aventura foi a me defender de
qualquer coisa. Dou meus pulos pra solucionar meus
problemas. Dou pouco trabalho pras pessoas, disso posso até me gabar. Por
isso que como muito! Olha que desculpa boa! Vai ter Dark Zone? Então está na hora do piquenique.
Salame, queijo, coca-cola, salgadinho... O que tinha no saco de mantimento, eu
estava detonando.
Nessa transição de canoagem e natação, cada
dupla fazia uma modalidade e depois invertia. Eu e Mauro remamos primeiro (8km),
enquanto os meninos nadavam (1,2km). Seguimos por destinos contrários, impostos
pela organização, possivelmente para que o barco não rebocasse quem fosse
nadando. Em direção à foz do rio, o barco seguia um curso perfeito, enquanto
víamos algumas equipes girando pelo rio. Modéstia super à parte, Mauro faz leme
bem em qualquer tipo de barco. Até quando não conhecemos a embarcação a coisa
acaba fluindo.
Enquanto os peixes pulavam na
frente do barco, todas as estrelas combinaram de brilhar de uma vez só. Nós
passamos um pouquinho do PC19 e depois voltamos, porque ele estava bem numa
entradinha da vegetação, que não enxergamos por não estarmos tão próximos da
beira.
Na volta, o espetáculo ficou por conta das
câimbras de Mauro. Meodeusdocéu, parecia que um monstro tinha pulado em cima
dele. A criatura começou a se sacudir dentro do barco, esticar as pernas,
gritar... Vi a hora do barco virar... Eu chorava... de rir... Não conseguia me controlar. (chorei de rir
pra contar essa parte!) 😂😂😂
Na passagem, Scavuzzi e Vitor chegavam da natação. Tava escuro mas achei que eram eles e gritei. Então pedi pra encherem a bóia de Mauro. Pois, é! Aquele colchão inflado que
ele usou no Desafio dos Sertões também foi pra NP7.
Voltando aos PCs, encontramos o 18 e
voltamos pra fazer o trecho de natação. A água estava tão fria que os dentes
começaram a bater. Pensei numa hipotermia quando saísse dali. E naquele mesmo
momento, comecei a usar bastante os braços pra o frio passar. Com meu super pé de pato, virei uma sereia.
Assim eu nado quilômetros sendo feliz para sempre! Enquanto isso, Mauro, em
cima do seu colchão inflado com o corpo todo esticado e a cara enterrada de
lado no travesseiro do colchão, remava sem muita visão. Mas ia muito bem! E se estivesse
sem colchão, acho que não ia. Se tocasse aquelas pernocas caimbrentas na água,
aí é que não ia mesmo. A coisa ficaria horrível pra o nosso lado.
Entramos na água no maior papo com nosso
casalzinho querido, Thunder. Voltamos do PC com o dia claro. Zero de
hipotermia, desempenho “beleza de Creuza”.
Certo então! Arrumamos nossa bagunça e
seguimos para encontrar mais uns PCs de bicicleta. Saímos na estrada, pedalando alguns
quilômetros, até a entrada pras bandas de
Açu da Torre. PC23 OK. Mais à frente, perto de um riachinho o 24. Em
seguida o 25. Atravessando a pista, passando pelos fundos de umas casas e por
uns lixos, pulando cerca, virando à esquerda, blá, blá, blá, blá, blá, blá,
PC26. Olha, até que passou rápido! Chegamos na transição para o Rogaine PC27.
Teve gente que não tava mais a fim de fazer
Rogaine nenhum. Encheu o saco, disse que não queria mais ir, que já estávamos
em último mesmo... Mas não foi por isso que fomos pra Noite do Perrengue. Teve
aquela coisa de curtir a prova, lembram? Faltou uns tabefes na cara... 😏😏
Então... Nos recompomos e fomos pegar os 5
prismas que nos foram concedidos, por conta do corte que levamos.
Mesmo depois de termos decidido que Mauro
navegaria, resolvi querer saber qual sequência seguiríamos. Aí deu merda! Eu
sugeri outro caminho, saímos por um canto, voltamos pra outro canto. Lá no PCA
todo mundo resolveu olhar o mapa e dar opinião. Cada um queria fazer uma coisa
diferente, o que rendeu muita conversa e perda de tempo, porque argumento não
faltou. Demorou pra alguém dizer “Vamos acabar com essa conversa que a gente tá
perdendo tempo aqui!”. E nem sei quem foi que disse.
Ao final, venci na escolha mas nunca
saberemos o que realmente valia mais a pena. Era tanto sobe e desce, tanta
ribanceira, que acho que dava no mesmo.
Pronto! Acabou a prova! Saímos do PC28 em
direção à Linha Verde. Vitor, que se elegeu atleta de percurso desde o
começo da prova, achou, seguramente, que Imbassaí ficava pra o lado
direito. Indagou Mauro, que pareceu ter dúvida, e queria porque queria ir para
a direita. Como tinha navegado e já estava com o mapa na mochila, apenas atravessei
a pista rindo com Scavuzzi e ficamos esperando a criatura. Demorou um pouco pra ele
se convercer a vir, viu?! O rapaz é teimoso! E engraçado. 😆😆😆
Pela estrada afora, passamos no mirante,
seguimos até a rotatória de Imbassaí, onde os carros não paravam pra deixar
ninguém passar. Acabou que tive que escolher entre parar de vez ou ser
atropelada. Resultado: consegui tirar a sapatilha de um lado e caí pro outro. E
a plateia curiosa foi ao delírio, ficou daquele jeito, sem entender como consegui cair. Fazer
o quê?
Pronto então, chegamos felizes e
agradecidos por mais essa!
Que prova massa! Talvez a melhor Noite
do Perrengue que já fizemos! Parabéns Arnaldo, Gaia e a todo Staff por tanto
capricho e cuidado com cada detalhe!
Parabéns a todos os atletas, daqui e de
fora, pela festa que fizemos, especialmente aos queridos que fizeram a Escola
de Aventura e agora desbravam seus próprios caminhos.
Obrigada Mauro, Vitor e Scavuzzi, por
vocês, por nós!
E parabéns pra todos que vestiram a camisa
da Aventureiros do Agreste (e a calça linda também, viu Jana?!), todos mesmo, que não vou
citar nomes pra não esquecer de ninguém (isso não seria legal). Terminando ou
não, pegando todos os PCs ou não, na de 40 ou na de 100km, vocês foram
guerreiros, vocês foram foda! Sei que já sabem disso, mas não custa
lembrar: TEMOS MUITO ORGULHO DE VOCÊS E FICAMOS MUITO FELIZES POR SERMOS TODOS
AVENTUREIROS DO AGRESTE.
Beijo grande!
Luciana
Aventureiros do Agreste
Retroceder Nunca, Render-se Jamais e
Divertir-se Sempre!
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