Essa parte da viagem foi uma experiência
bem interessante! Desprendidos de grande parte da bagagem, com uma pequena mochila
nas costas, pegamos a estrada com bicicletas alugadas em Florença. Na
bagagem, duas mudas de roupas, produtos de higiene pessoal, papeis
do seguro de viagem e passaportes. Sem internet, "printamos" telas dos mapas pra
termos ideia do percurso, que já estava quase decorado na cabeça.
Atravessamos a Ponte Vecchio, em direção à
Porta Romana para o sul (ou seria sudoeste?) da Toscana. A Porta Romana é uma porta enorme mesmo,
por onde passam carros, gente e bicicleta. Tudo ali era murado, antes.
Evitando as vias mais
movimentadas, seguimos por Certoza em direção à Tavarnuzze. Num
cruzamento, com dúvidas, sentimos dificuldade pra pegar informação com alguém. No interior,
é mais complicado encontrar alguém que fale inglês, além disso, o italiano é mais
difícil de entender. Por dedução, intuição ou sei lá o quê, escolhemos a estrada da esquerda, por uma subida de 6km. Tiramos foto, sofremos um pouco,
curtimos a paisagem e chegamos num lugar chamado Bagnolo-Cantagallo (que só soubemos o nome depois). Bem charmoso com uma pracinha linda, aquela igreja de praxe, sorveteria,
café... Cheios de dúvidas, decidimos saber onde
estávamos e pra onde iríamos. Depois de meia hora de conversa, percebemos que tomamos a via
errada, tendo que voltar quase tudo. Mas havemos de convir que na descida todo Santo
ajuda. Na Itália deve ter mais Santos do que em qualquer canto.
Pra relaxar, tomamos um delicioso sorvete, antes de retornar. Descemos até perder a vontade de descer, pegamos um desvio à esquerda e caímos
direitinho na Via Scopeti, onde deveríamos estar a mais tempo.
Na Itália, a todo momento a gente se
encontra com ciclistas. Os motoristas tem um bom nível de respeito por quem
pedala, inclusive, mantêm aquela sonhada distância de 1,5m que a gente queria que
acontecesse aqui no Brasil. Apesar de achar que já melhoramos bastante, tem uma
evolução danada pela frente!
No caminho, os cipestres, os rios, a
vegetação encantadora e muitas ladeiras. Como não pegamos bicicletas elétricas,
as subidas foram na base dos “cambitos” mesmo. Subidas sem fim, cidades pequenas
com belezas também sem fim.
Depois do perdidão, boa parte do percurso pela
via Scopeti, passamos por San Andrea In Percussina, San Cassiano Val di Pesa e
várias outras pequenas cidades. Apesar das inúmeras ladeiras, a viagem de
bicicleta foi extremamente agradável. Lembro que cortamos um caminho, por
indicação do Google Maps, entrando numa área rural, com placa de sinalização
contendo nome da rua e tudo. As casas de campo lindíssimas chamavam atenção a
todo momento!
Numa dessas ladeiras sem fim, dessa vez
descendo, fui à frente numa boa velocidade. Antes de entrar numa curva, olhei
rapidamente pra trás e não vi Vitor. A rua estava vazia... Depois de alguns minutos, que me pareceram horas, vi um caminhão enorme descendo. Nossa!
Aquilo me assustou tanto! Continuei descendo um pouco mais devagar, nada de
Vitor, até que parei. Eita que o pensamento divagou negativamente na velocidade
da luz! Nem sei quanto tempo durou mas deu tempo até de pensar no funeral. Ufa!
Ele apareceu, contando que o caminhão atrapalhou a descida, que precisou
recuar, mas deu tudo certo. Ô susto!
Em San Giminignano mesmo, só fomos chegar
no final da tarde, depois de subirmos uma serra sem fim. Um sacrifício
totalmente recompensado com a chegada naquela cidade medieval incrível! Pelo
Airbnb, alugamos um apartamento num prédio que um dia foi um Castelo cheio de
história. A dona do apartamento arrumou um lugar para as bicicletas e nos
acomodou confortavelmente. Ao abrirmos a janela, uma vista de cair o queixo!
Nem vou contar sobre os pontos turísticos
porque isso vocês encontram em todo canto na internet. Foram duas noites em San
Giminignano, caminhando pelas ruas, visitando museus e igrejas, subindo torres, tomando sorvete (não só o considerado melhor do mundo) e comendo comida
gostosa, tanto de restaurante, quanto feitas por nós mesmos. Como gostamos de
provar as delícias do lugar, no mercado, compramos carne de caças e fizemos
assados deliciosos. Nossas viagens ficam com um custo menor com as visitas aos
supermercados. Algumas vezes, nem precisamos ir a restaurantes e comemos muito
bem.
Então foi isso! No dia 23 de junho, nos
despedimos da cidade Medieval, de bicicleta, com as mochilas minimalistas, bem
cedinho, ladeira abaixo. Tão cedo chegamos em Florença, que tivemos que ficar sentados numa praça, tomando sorvete, até chegar perto da hora do check-in do hotel.
Na próxima postagem eu conto como foi em Veneza.
Até loguinho!
Até loguinho!
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