| Fotos: @alysonjamesj @emerlimma |
Categoria PRO – 180 km
O convite e o “sabático interrompido”
O convite de Arnaldo chegou justamente quando estava prestes
a iniciar meu sabático das Corridas de Aventura. A ideia era voltar só em 2026,
cuidar da saúde, descansar corpo e mente. Uma semana depois do “sim”, ele me
manda mensagem dizendo que me convidou porque eu treino, e que queria fazer uma
prova valendo, com foco total, competindo com todas as duplas.
Eu? Fiquei quieta. Só sorri e acenei. 😌
A viagem até Porto Calvo foi divertidíssima! Viajamos eu, Arnaldo, Vitor e Keu. Saímos na
quinta-feira pra ter um dia de descanso, afinal, são mais de nove horas de
estrada. Chegamos à noite, já prontos pra aclimatar. No caminho, trocamos
mensagens com nosso coach (Não podemos contar quem é 😄),
que nos deu todas as dicas pra vencer o desafio. A meta era clara: fazer o
melhor, andar bem, tomar boas decisões e — pasme — sorrir o tempo todo.
Rimos alto só de imaginar passar pelas equipes gargalhando no meio do
perrengue.
Na sexta pela manhã, organizamos todos os equipamentos e
fomos almoçar em Porto de Pedras, encontrando os amigos João e Isabela,
confraternizando com a galera de Alagoas. Pela tarde, foi o momento do
Check-in, de pegar os kits, saber dos últimos informes e descansar.
A entrega dos mapas e o frio na barriga
Sábado. Entrega dos mapas. Pura tensão. Cada mapeador tem um
estilo, e aquele ali parecia gostar de cores, trilhas, vegetação, símbolos,
curvas… um carnaval cartográfico. Deu ansiedade.
Mas era hora de largar.
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Rogaine urbano – adrenalina na feira
O Rogaine de 4 km começou eletrizante pelas ruas de Porto
Calvo. Quatro PCs em ordem aleatória, num cenário digno de perseguição em filme
de ação: a feira cheia, gente e barraca pra todo lado, e nós correndo no meio
do caos.
Fomos rápidos, objetivos, correndo o tempo todo. A chuva que
ameaçava não veio — em compensação, o sol resolveu participar com força total.
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MTB 35 km – entre canaviais e objetos perdidos
Transição rápida, bicicletas nos esperando. Partimos! Saída
da cidade, estradinha de terra, um pouco de asfalto, depois o primeiro de
muitos canaviais. O PC4 estava tranquilo — uma plaquinha numa árvore.
Pra chegar ao PC5, pedalamos num bom ritmo, revezando a
dianteira. Arnaldo descia bem, eu subia melhor — um incentivando o outro.
Passamos por uma ponte, um trecho alagado, e entramos numa trilha que beirava
um charco. No fim, tivemos que romper o canavial por uma picada tão fechada que
parecia não ver gente desde o século passado.
E foi ali que Arnaldo perdeu o odômetro. 😅
Voltou pra procurar e, milagre, achou. Só o começo da tradição das coisas
perdidas.
Depois do PC5, o pedal seguiu com paisagens lindas,
morrinhos, verde por todos os lados. No PC6, uma igrejinha charmosa; depois,
mais um pouco de asfalto até o PC7, onde passamos direto, mas percebemos rápido
e voltamos pra registrar.
O PC8 veio com uma trilha deliciosa, sombreada, em meio aos
trezentos emaranhados de estradas de todos as naturezas, prestando atenção,
contando distância e ligada no azimute, tudo dentro das condições normais de
uma corrida de aventura.
Depois do PC 9, registrado sem grandes dificuldades,
seguimos por uma estradinha fofa, quase toda beirando um rio, passando por
matas, com ladeiras bem suaves. E lá estávamos nós, chegando ao mar, vento na
cara, estrada costeira e transição à vista.
Ali, uma cena fofa: Vitor, meu marido, que jurou que iria “curtir o vale night de 24 horas”, não resistiu e estava lá, nos acompanhando. Sabia que ele não ia aguentar ficar longe. 💙
Trekking 22 km + natação – o calor, o picolé e a travessia épica
Mais uma transição rápida. Pegamos o que precisávamos e
seguimos pro trekking: 22 km de caminhada e corrida, com uma natação no meio.
Os primeiros 8,5 km foram bem quentes. Achamos os PCs 10 e
11 na beira da praia e, pra poupar energia, voltamos pela estrada entre eles,
fugindo da areia. No caminho, compramos água
gelada e picolé de uva. Um luxo tropical em meio à insanidade, quase
tomamos banho de água mineral.
Chegamos então ao ponto de natação — e foi ali que a prova
ganhou status de épica. O mar estava bravo, a maré enchendo e o pessoal da
Categoria 90km passava assustado. Os staffs apontavam o caminho, mas o cenário
era digno de filme de sobrevivência.
Arnaldo estava pálido. Eu entrei no modo psicóloga: “Calma,
eu tô contigo. Ninguém larga a mão de ninguém.” Guardamos os tênis, colocamos
os pés de pato (sim, pés de pato!), ele vestiu os óculos de natação, e fomos.
Começamos a nadar na foz do rio Manguaba, de Porto de Pedras
até a outra margem, em Japaratinga. Foram os 200 metros mais longos das nossas vidas. Arnaldo nadava de costas,
eu puxava ele pelo colete, engolindo litros de água. Acho que bebi uns três
litros. Ele, uns dois e meio. 😂
Deu tudo certo! A travessia foi extremamente refrescante.
Fizemos um excelente trabalho em equipe.
Enquanto isso, a dupla Oré (Paulo e Emily) atravessava o
mesmo trecho como se estivesse num comercial da Speedo — nadando de tênis!
Deslizavam sobre as águas, bem à nossa frente, parecendo dois “sereios”. Chegaram
numa serenidade, e nós ali, sentados na areia, fingindo naturalidade.
Humilhação aquática nível máximo.
Pra coroar, logo depois da travessia, outro trecho de água —
dessa vez até a cintura. Adeus, tênis secos! Tanto trabalho pra colocar tudo em
saco estanque. Paciência, né?
Japaratinga e mais trekking
Seguimos. O PC12 veio até rápido, perto de um campo de
futebol e umas casinhas. Dali em diante, a Oré apertou o passo. E nós também.
Eles corriam, a gente corria, eles caminhavam, a gente caminhava. Foi
interessante, divertido e conversativo! Acho que a gente acaba se beneficiando
mutuamente com um pouco de competitividade e adianta o lado. Já agradeço aqui
pela companhia e parceria em boa parte da prova! Uns queridos!
O PC 13, foi encontrado depois de uns 3 km de estrada de
terra. E tudo seguia bem — até que a lenda dos mapeadores alagoanos começou a
se confirmar. “Eles escondem os PCs”, contaram. Pois é, descobrimos que era
verdade. 😂
O PC14… ah, o 14! Sobe, desce, conta passo, tempo, pé de cana
(mentira, mas quase). Encontramos junto com a Oré, no fim da tarde — e lá,
Arnaldo perdeu o Racebook! E eu?
Esqueci o reserva. Perfeita essa dupla. 😅
Sorte que Paulo Marcelo, cavalheiro, deixou a gente
fotografar o dele.
Seguimos pro PC15, igualmente escondido. Os mapeadores de
Alagoas têm mestrado em esconder PCs! Era mesmo verdade! 😂
Canoagem noturna 21 km – maré subindo, paciência descendo
Chegamos à área de transição pro remo. Ignoramos solenemente
o pastel e o refrigerante. O corte era às 3h da manhã, muitos ATs depois dali,
e ainda havia muita prova pela frente.
Descemos até o rio, embarcamos e começamos a remar. Noite
linda, peixes pulando, olhos brilhando na margem. Acho que eram jacarés. Aproveitamos
a correnteza o quanto pudemos, antes da virada da maré. Os primeiros PCs (16 e
17) vieram fáceis, mas o 18 e o 19… um desafio visual, porque as fotos estavam
bem escuras. Sorte que fomos junto com Paulo, porque a foto da foto estava ainda
pior!
Quando chegamos à foz, a maré já estava subindo. A corrente
nos empurrava com força pra dentro, de um jeito que a força pra remar se tornou
Hercúlea. Foi preciso remar como se o troféu estivesse na beira do mar.
Arnaldo só gritava: “Rema!” E eu remei. (Mas continuo
achando que ele só queria que eu parasse de falar! 😆)
Chegamos ao AT de cabelo em pé, mas o alívio foi tão grande
que nem parecia.
Trekking 8,5 km – o piti e as risadas que conseguimos dar
Precisei arrumar a mochila, enquanto Arnaldo estava em modo
“Fórmula 1”. Deu piti. As coisas voando, eu bem calma e ele querendo sair
correndo. Catei meus pertences e fui me embora. Só consegui rir de verdade lá
na frente.
Durante o trekking, ele decifrava meus olhares — dizia o que
eu estava pensando, sem que eu estivesse pensando aquilo — e eu caía na
gargalhada. Péssimo tradutor de olhares! Até oferecer cápsula de sal virava
motivo pra riso. Ele dizia com ironia: “Você está querendo dizer que eu não estou
lhe acompanhando?”. Não tem como não rir de gente doida assim!
O PC20 foi um inferno!! A dupla masculina líder saía,
sorrateiramente, de uma trilha, bem na hora em que chegávamos. Rodamos,
subimos, descemos, rasgamos mato, cortamos as mãos, conferimos, reconferimos, achamos.
Que alívio! 😅
Logo depois, o PC21 — cuja foto era uma palha de coqueiro.
Procuramos no chão, até perceber que estava no alto. Os líderes estavam logo
adiante, sem terem encontrado o PC, pela mesma razão que tivemos dificuldade.
Por fim, acabamos encontrando os PCs 22 e 23 em sexteto, chegando à transição
todos juntos.
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O gerente avisou que poderíamos seguir direto para a
chegada, de bicicleta, o que daria quase 30km pelo asfalto. Decidimos nos
recompor e organizar as coisas, enquanto pensávamos no que fazer, sendo que a
única coisa que tinha certeza de que não queria fazer, era dormir.
Por fim, ponderamos que, talvez, dependendo do nível de dificuldade
nos trechos seguintes, extrapolássemos nosso tempo de prova, gerando uma
desclassificação. E isso era totalmente indesejado. Sendo assim, avisamos ao
Gerente da AT e aos nossos companheiros de muitos PCs, sobre a nossa decisão.
Enquanto os 4 resolveram dormir um pouco, nós decidimos ir embora.
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MTB final – performance sensacional 😉
Arnaldo tomou um Trandrilax e ficou sensacional! Nunca vi
igual. O homem virou uma máquina! Pedal firme, roda com roda! O dia amanhecendo,
o céu azul de Alagoas, canaviais infinitos, a chegada mais perto do que longe e
o cheiro da vitória no ar.
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Rogaine final
Ainda faltava o Rogaine de 3 km. Meu tênis já não queria
mais entrar no pé. E claro: esquecemos o Racebook na transição. Arnaldo disse
que tinha decorado. Eu não decorei absolutamente nada! Só naveguei e confiei
que ele reconheceria todos os 3 últimos PCs da prova. Quieta, evitei perguntas,
e senti o alívio top das galáxias, quando o organizador conferiu e disse que
estava tudo certo. Oh glória! Eu confiei — e deu certo.
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Cruzamos a linha de chegada. Primeiro lugar geral na categoria 180 km! Campeões! Radiantes e sorridentes.
Valeu, Arnaldinho, pelo convite, pela parceria, pelas
risadas e até pelos pitis. Foi uma prova incrível, daquelas que a gente leva
pra sempre. Você é meu amigão!
E valeu, Vitor, por estar por perto, mesmo quando prometeu
que não estaria. 💙
Keu, valeu pela companhia na viagem! À minha treinadora, Fernanda Piedade, gratidão!
Valeu Aventureiros, Guerreiros, Organizadores e Atletas! Foi
massa demais encontrar todos!
Até a próxima Aventura!
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