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Uns perdem, outros ganham, outros nem saem de casa..

  Quando pequena, tinha sérios problemas em competir. Ficava preocupada com as amigas que perdiam e também não gostava muito do sentimento da “derrota”. Isso é normal, sem dúvida! Ver jogo de futebol era uma droga! Morria de pena do goleiro e do time derrotado, RS! Quem já viu isso?! Depois acabei me acostumando, mas prefiro nem assistir a jogos de futebol, RS!
   Em Corrida de Aventura, era habitual que um dos integrantes das equipes que ficassem bem na fita fazia um release cheio de “gabulice”. Mas, só quando tinha vitórias. Se esse mesmo time não tivesse um bom desempenho, ninguém escrevia nada. Ficava todo mundo curioso para saber como tinha sido a prova, mas ninguém escrevia nada. Sem vitórias, sem releases!
   Sempre fui meio abestalhada mesmo! Escrevia release toda vez que voltava de uma aventura, independente do resultado. Não dá para escrever quantas vezes chegamos em último lugar.. RS! Foram muitas! Então deixaria de escrever releases, se dependesse do resultado...
   Ôpa! Desculpem pelo atraso! Tava tão atarefada que só consegui terminar o release do CAMBO (Campeonato Baiano de Orientação) agora.
   Não queria perder a primeira etapa da Corrida de Orientação por nada! Tem um monte de feras competindo em minha categoria e a festa seria boa demais pra eu perder. Só que minha semana antes dessa etapa foi um caos e isso acabou me deixando muitíssimo desanimada. Sabe daqueles dias que a gente poderia retirar da memória?? Parecia que uma nuvem negra tinha se posicionado no topo da nossa casa vermelha. Estou dando conta de três empregos, duas crianças, um cachorro, uma funcionária, pilates, pedal às quartas-feiras, corrida, inglês, contas para pagar, mercado pra fazer e o que ocorrer. Dar conta, sempre dei. O problema é como a gente encara as atividades diárias. Pessoal! Na sexta-feira, a galera lá de casa estava de péssimo humor, incluindo a engraçadinha aqui, que todo mundo pensa que é eternamente bem humorada. Pois é! Eu sou uma farsa, RS! Minha pequena chorando pelos cantos, meu filhote mais calado do que nunca, Neusinha sofrendo o pão que o diabo amassou com minhas implicâncias e até Totó parecia ter voltado a perder os pêlos. Nem o jardineiro tava colaborando! Putz!
   Acendi um incenso e umas velinhas coloridas pra ver se criava um clima mais ameno aquela noite. Mas, na verdade acho que ninguém nem percebeu as velinhas, RS!
   Fomos pra Feira de Santana no sábado à tarde numa correria danada! No fundo, acho que a correria era interior. Uma afobação interna residual da semana. Sério! Mesmo lá, pensei em não ir umas 5 vezes. Então o capitão do grupo que tô correndo, Luis Agnaldo, me ligou pra saber se precisava de carona até o loval da prova. Como poderia deixar de ir?? O cara nem sabia meu telefone! Só poderia acreditar que era a Providência Divina insistindo em mim.
   Acordei cedinho, comi uma besteira e fui. Aliás, antes de ir, tranquei a porta e deixei os tênis dentro de casa. Comecei a pensar que a Providência Divina estava querendo que eu não fosse. Como sou teimosíssima e lembrei-me do telefonema da noite anterior, acordei meu cunhadinho querido pra ele abrir a porta e pegar meus tênis. Rs!
   Cheguei ao local da prova bem cedo. Abracei os amigos, conversei um pouco, olhei por onde sairia e fiquei aguardando minha hora de partir. Pra variar, era a primeira a largar da minha categoria. Mas, na boa, tava tão desanimada que nem fiz aquelas mentalizações de “vou correr até cair e dar muito trabalho às meninas”. Mas, a esperança é a última que morre e a gente sempre acha que vai levar alguma coisa, mesmo sem tanto ânimo. Pensa até que o desânimo é porque vai ter alguma surpresa boa. Eu nunca perco esperança de nada e não sei se isso é qualidade ou defeito.
   Tava querendo fazer a prova pra relaxar e esquecer a correria da semana. Mas, por favor, não deixem de me achar competitiva! Perder a competitividade jamais!
   Saí toda desorientada pra pegar o primeiro prisma! Ainda arrumava bússola, mapa, cartão... Uma confusão! Então fui afastando-me do povoado, pegando uma trilha entre duas cercas. Trilhas entre as cercas, tudo bem mas, duas cercas grudadas! Pra que diacho as pessoas fazem duas cercas agarradas, paralelas!? Um rente na outra! A pessoa tem que pular duas cercas ao mesmo tempo. Como é isso? Que doidisse é essa??
   O prisma 1 estava numa moita! Aliás, poucos prismas não estavam. O pessoal escondeu tudo bem escondidinho. Só que fui achando tudo certinho. Fiz uma força danada pra me concentrar mas, a coisa estava fluindo sem problemas. No terceiro prisma, já tinha esquecido qualquer problema. Lembrava de pular a cerca, ter cuidado pra não cair nos buracos, procurar os prismas, gravar o número do prisma pra não marcar errado, desviar do cansanção, passar longe dos bois, correr dos cachorros. Eu tava até indo bem, mesmo lenta, com um raciocínio digno de uma tartaruga.
   Eram 15 prismas. No 14, tive a impressão de que não seria alcançada. Pensei que as outras meninas pudessem ter alguma dificuldade com aqueles esconderijos secretos. Só que o miserável do 14 estava numa posição abaixo das minhas vistas e eu o procurava no meu campo visual alto. Alguém entende o que é isso? Olhava pra frente e ele estava embaixo. Então, passei pelo lugar algumas vezes. Voltava, fazia as contas, media meus passos, entrava no mato de novo. Repeti o ritual umas 4 vezes. Daí as minhas "amigas" apareceram todas juntas, me cumprimentando, RS!
   Tudo bem! Provavelmente, se elas não tivessem aparecido, estaria procurando o prisma até hoje. Podem rir de mim! Não to nem aí! RS! Até eu rio de mim!
   A prova acabou e eu tive que voltar logo pra minha família. Precisava deles e eles de mim! Não deu pra prestigiar o pódium! Mas, posso dizer que estou correndo um campeonato no meio de um monte de gente competente e competitiva. Marcinha, Dêja e Tatye estão jogando duríssimo e, se eu quiser correr de igual pra igual, vou ter que me esforçar muito. Isso é ótimo!
   No fim das contas, aquela prova realmente me fez bem! Fiquei mais um pouco em Feira com minha irmã, depois, eu, as crianças e Tótis voltamos pra casa conversando sobre o que poderíamos mudar para que nossa semana fosse muito melhor do que a anterior. Refletimos sobre a viagem, a prova, o fim de semana e decidimos fazer tudo diferente. Discutimos a relação e recomeçamos!
   Que bom que quando a gente ama e é amado de verdade, a gente pode conversar, considerar, recomeçar e perdoar! E nada como uma Corrida de Orientação para lhe fazer zerar os problemas, zerar os pensamentos... A natureza é uma mãe mesmo! Que bom que saí de casa!

Comentários

Olá Lu,
Muito legal esse seu texto! Sair de casa para fazer o que gostamos é sempre bom! Adoro acordar às 4h para as trilhas...rsrs.

Parabéns!

AH! Vê se aparece de novo para peladar conosco!

Um abraço,

Elson.
Luciana disse…
Obrigada Elson!! Quero pedalar com vocês, sim! Sempre acompanho a programação e fico doida pra ir. Assim que puder, não perderei a oportunidade.
Beijos e lembranças à turma toda!
Obs: Ainda quero minha camisa do Mural, viu?!

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