Pular para o conteúdo principal

Cangaço 30km- Primeira Etapa do CICA 2013



   Providências importantes antes de largar:
 1. Arrancar um par de meias no pé de alguma pessoa legal e compreensiva, que não fosse correr, é óbvio.
 2. Arrumar uma calça com alguma amiga tão pequena quanto eu, se possível.
   A maluca aqui esqueceu das meias e das calças pra correr. Mas, estava disposta a fazer a prova até de short de linho e tênis sem meias, se fosse preciso, rs! Ainda bem que não precisou...
   Equipe: Luciana Freitas (euzinha) e Vitor Hugo Moreau
   Todos alinhados, largamos num ritmo forte, com mais de 50 duplas que participavam da prova Cangaço. O bolo danado que faz parte do “fogo de palha” de começo de prova. Todo mundo sai correndo mesmo, as equipes só começam a se distanciar depois de alguns quilômetros. A "parada" já começava com uma subida e a galera não fez questão de aliviar de jeito nenhum.
   Eu e Vitor combinamos de fazer nossa prova sem preocupação com outras equipes. Sempre em frente, avante, com força mas, mantendo a concentração. Ou seja, fazer o máximo que puder para evoluir no percurso, sendo o resultado fruto do tanto de esforço e concentração. Básico!
   A primeira parte da prova foi um trekking/corrida de 4km para encontrar quatro PCs. O primeiro foi exatamente onde deixamos as bicicletas. Sem navegação, só corrida. Para chegar até o PC2, tínhamos que encontrar uma trilha que descia para beira do Rio Jacuípe. Eu, com minha mania de não querer ser “Maria vai com as outras”, fui procurar a trilha que começava antes da entrada entre as casas, para já descer direto. O povo já virava a curva quando chegamos. Como o caminho beirava o rio por suas curvas, dava pra visualizar aquela fila de atletas com camisas de mangas laranja, contrastando com o verde, lá na outra ponta. Corríamos loucamente, saltando pelas beiradas da trilha, tentando ultrapassar algumas equipes. Muitos atletas à nossa frente paravam de correr um pouco para descansar, e essa paradinha nos deixava pra trás cada vez mais. Então foi um tal de pedir licença sem fim até o PC 3, que ainda era na beira do rio. O caminho para o 4 já não teve congestionamentos. O cara (PC) tava num buraco, lá embaixo com a prancheta nas mãos. Eu, heim!! Fica todo mundo escondido!

   Quando batemos o PC5, nosso nome foi escrito na segunda folha da lista de equipes, rs! Aquilo não nos abalou nem um pouquinho, nem comentamos sobre o assunto durante a prova. Várias bikes já não estavam lá. Após uma transição objetiva, compatível com nossos planos, sem negligenciar água ou comida, seguimos para 20km de pedal.
   Se disser que lembro de tudo, estarei mentindo. De tão atenta ao mapa, não queria saber de mais nada, exceto pela minha mania de ficar cumprimentando todo mundo, é claro. Vitor foi eleito capitão da equipe, por unanimidade (tinha tanta gente votando, rs!), com o objetivo de me deixar mais livre para navegar. Estratégia que funcionou muito bem! Ele assinava a passagem dos PCs e dava pitaco em algumas coisas, que influenciaram em muito no resultado da prova.
   Pedalando até o PC6, encontramos várias equipes pelo caminho. Acho que por ali ainda estávamos na segunda folha da lista de equipes, nem sei bem. Só vendo depois que divulgarem os tempos. Mas, as ladeiras deixaram muita gente pra trás. O trekking que não foi trekking, e sim corrida, também causou canseira em meio mundo. Beneficiados pelo cansaço alheio, ultrapassamos várias equipes entre os PCs 6 e 7, trecho onde a navegação pareceu mais delicada e careceu de atenção. Do PC7, decidimos pegar o caminho mais curto pela trilha ao invés de seguir pelo estradão. Apesar de nem ter ideia de quem estava na frente ou atrás, percebi que não estávamos mais na segunda folha da lista, rs! A trilha escolhida era um pouco pedregosa no começo e logo fui avisando a Vitor que não voltaríamos por ali, já que o PC9 era no mesmo lugar do 7.

   Olha gente, devo gastar uma energia doida falando com as pessoas durante a prova, rs! Cumprimento e converso com quase todos os atletas que encontro. Dou uns gritos doidos para estimular quem está passando, rs... Converso com o povo na transição... Não sei não! Talvez, tenha que ficar mais calada pra ter uma performance melhor, rs! Mas, não sei se quero deixar de fazer isso para melhorar  performance. Não seria a Luciana de sempre. Então, acho que vou ter que treinar mais um pouco pra compensar. Não tenho jeito mais, não!
   Foi entre o PC7 e o 8 que percebemos que estávamos mesmo entre os primeiros. Di e Alan nos ultrapassaram e nem sabíamos que eles estavam atrás, ou seja, estávamos em primeiro entre as duplas mistas, rs! Marcinha e "seu parceiro" (Não lembro o nome dele, foi mal!) também encostaram e até bateram o PC8 primeiro. Êita diacho, que a "briga" foi boa!

   Apesar de percebermos a grande possibilidade de subir no pódio, combinamos de não cantar vitória antes do tempo. Tínhamos o resto do pedal pela frente e uma pista de Orientação de quase 5km para encarar, além do remo de 1km, que poderia até fazer diferença caso ficássemos muito próximos de outra equipe.
   Acabei concordando com Vitor em voltar para o PC9 pela trilha. Ele tinha razão! Primeiro que o corte de caminho fazia uma boa diferença, depois que a trilha não era tão difícil. Passando pela porteira mais uma vez, fizemos o singletrack de 1km. Bem gostosinho, por sinal!
   Por falar em porteira, teve um atleta da Gantuá Perdidão que abriu tanta porteira pra nós que prometi um abraço apertado a ele no final da prova, rs!! E dei o abraço. Na verdade, ele esperava o parceiro mas, não precisava ficar segurando porteira pra ninguém. Gentileza em competição é muito legal porque algumas vezes a gente tá tão afobado que faz umas bobagens sem perceber!
   Do 9 pro 10 foi só zerar o odômetro pra não perder a entrada. Cruzamos com Mauro e Gabi (Aventureiros do Agreste 1) e Maurício e Eudes (Aventureiros do Agreste 3) pelo caminho, que comemoraram nossa posição na prova e elevaram nossa moral, rs! Muito bom encontrar parceiros na corrida! Melhor ainda saber que estão bem e evoluindo na prova.
   O PC 10 estava uns 700m pra dentro de uma trilha bem técnica, cheia de valas e pedras. Até poderíamos escolher seguir adiante para o 11 mas, nem preciso dizer porque não fomos. Aquele caminho era miserável demais para uma simples mortal como eu. Desnecessário, posso afirmar. Assim, voltamos pela estrada, pegando um trecho de asfalto e num instante alcançamos o PC.
   Enfim, deixamos as bikes para entrar na pista de orientação com 10 prismas. Naquele momento, estávamos em segunda posição entre as duplas. Precisávamos manter o foco, ter calma, contar passos e tomar decisões rápidas e acertadas.
   O prisma 1 estava bem no meio da vegetação, entre a casa do PC11 (PC e prismas são diferentes) e uma estradinha. Descemos correndo, vasculhando à área em busca do famigerado prisma. Sem demora encontramos, seguindo para o 2. Fiquei um pouco confusa para encontrar o prisma 3. Não entendi muito bem sua localização e referências, que eram poucas. Vi outras duplas passando por nós, procurei nem comentar com Vitor pra gente não ter preocupações além da navegação. Vitor, por sua vez, sempre contando passos, na maior tranquilidade, também nada falou. 
   Para chegar ao prisma 4, a gente se embrenhou pelos matos mesmo. Tive que orientar o mapa, traçar o azimute e descer para ravina. Vozes murmuravam por ali... Encontramos a vala, seguimos por dentro e mais adiante, mais um pouquinho, estava o prisma 4, entre gritos, berros e sussurros, rs! Apesar de terem sido apontados pela maioria dos atletas como os prismas que mais deram trabalho, encontramos sem demora o 5 e o 6.
   Dali em diante, faltavam apenas os quatro últimos. E, pra esses, precisávamos de pernas pra correr, subir e descer. E fôlego... O prisma 7 estava num morrinho de pedras, lá em cima. Uma escalaminhada discreta pra gente brincar... O 8, encontramos na beira da estrada, no meio de um amontoado de pedras que dificultavam nossa progressão. Dali, precisamos descer um pouco para pegar o 9 na beira do rio e subir para alcançar o 10, perto de um quiosque que eu já tinha visto desde que cheguei na área.
   Serviço completo, corremos para o PC 12 e descemos sem freio para a chegada, que cruzamos em segundo lugar em nossa categoria e quinto na classificação geral. Faltava só o trecho de remo que foi apenas uma farra à parte, porque não mudou nada no resultado final.
   O resultado dessa prova veio como um bálsamo massagear nossa auto estima esportiva. Depois de duas desistências de provas nesse ano, por motivos que já foram ditos em outras postagens, precisávamos de um resultado legal para dar um estímulo. Não tivemos pneu furado, corrente quebrada, mal estar, unha encravada, dor de cabeça, manchas na pele, piriri... Nada! A prova foi curta sim, mas tão “sem facilidades” quanto qualquer outra. A dificuldade é outra, pois acaba sendo mais ofegante e qualquer erro pode ser decisivo no resultado. Sem contar que os “dinossauros” da Corrida de Aventura estavam todos lá, incluindo a mim. Todos “macacos velhos” que sabem onde as cobras dormem, rs! 
   Claro que preciso considerar que uma prova com um resultado tão bacana não seria possível sem um parceiro de corrida com uma energia tão boa. Vitor é um excelente atleta, pedala muito bem, corre, tem uma coragem danada, ajuda em tudo, participa das decisões, pondera, articula. É um achado! E não fui eu só quem teve a maior sorte, tendo em vista que sou uma namorada babona mesmo, a Equipe também teve. Temos um atleta com o nosso estilo de correr, que segue nosso lema:
   Retroceder Nunca, Render-se Jamais e Divertir-se Sempre!
   E, como se não bastasse, ainda é gatinho e tem esse “zoião” cor do mar com todos os peixinhos, rsrsrsrs!
   Parabéns pra galera toda que esteve em nossa festa. A festa de Corrida de Aventura é nossa! A festa que a gente sempre fez durante tantos anos e que esfriou um pouco nos últimos tempos. Sejam todos bem vindos, novatos e dinossauros! Em qualquer posição que a gente chegue, é sempre muito bom completar. Todas as experiências nos servem pra vida e pra corrida. Até a desistência, principalmente ela, nos faz crescer muito.
   Paulinho, Marcinha, Marcel e toda a turma da organização, PARABÉNS por mais uma prova impecavelmente montada!
   Tenho que agradecer à Kassiele Kaiper, que ficou sem meias para ajudar essa doida aqui. E a Gabi que me emprestou uma calça da noite para o dia pra eu não ficar de pernas sapecadas de cansanção!!
   Parabéns aos nossos Aventureiros do Agreste!
   Valeu Lene, pelas vibrações positivas em nossas passagens nos PCs! Foi massa!
   Beijos e até mais!
   Luciana Penélope do Agreste
   Aventureiros do Agreste
   Não retrocedo, não me rendo e sempre me divirto horrores!


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Desafio dos Sertões 2023- 140km

  Que o Sertão é um dos lugares mais inóspitos à sobrevivência humana, a gente já sabe! Que você precisa ser forte pra enfrentar a caatinga, ter resiliência, coragem, foco, determinação, também. Que o Rio São Francisco é um gigante que impõe, acima de tudo, reverência, sabemos. Querer ir lá pra experimentar tudo isso e ainda gostar, é outra história! E lá estávamos nós, no Desafio dos Sertões, nos 140km de aventura, entre mountain bike, trekking, natação, canoagem, tudo com navegação com mapa e bússola.  Nos últimos tempos, temos alternado bastante os atletas da equipe, menos eu e Mamau, que somos fominhas de prova. Mas, brincadeiras à parte, Vitor e João estão afastados por questões pessoais. Então, Lucas, nosso novinho da Turma 12 da Escola de Aventura, continuou com a gente, depois da Carrasco. Além disso, Arnaldo, da Olhando Aventura, veio fechar o quarteto, reforçando nosso time com sua experiência. Reunimos, alinhamos objetivos, organizamos a tralhas e partimos pra Juazeiro

UTCD 2023- 80km

   Não tenho um pingo de vergonha na cara. Da última vez que fiz a Ultra Trail Chapada Diamantina (UTCD), disse que machucava muito os pés e que preferia fazer Corrida de Aventura… Como se Corrida de Aventura machucasse menos. 😂    Esse ano, eu corri todas as provas do Campeonato Baiano de Corrida de Aventura, menos a Expedição Mandacaru, porque estou envolvida na organização. Então, pra fechar com chave de ouro o meu ano esportivo e comemorar meus 52 anos, decidi correr a UTCD.     Tudo bem! Eu amo correr, mas precisava ser 80km? Aí é que vou contar pra vocês…    Já que eu estava indo e já tinha feito 50km, decidi me desafiar nos 80. Fiz minha inscrição e ainda joguei minha filha no bolo, nos 35km, que depois ela mudou pra 14, por que não estava com tempo pra treinar o suficiente. Eu queria brincar o brinquedo todo!    Depois de um fim de semana de muito movimento na Expedição Mandacaru, lá estávamos nós, na semana seguinte, acampados em Mucugê, de mala e cuia, com boa parte da famíl

Malacara Race 2023- 500km PARTE 1

  Foto: @luiz_fabiano_ibex O que preciso fazer pra ir correr na Malacara? A logística pra enfrentar um desafio como esses é extremamente complexa. Envolve sua vida toda, trabalho, família, parentes e aderentes. A vida dos meus filhos tem que estar toda organizada, preciso tirar férias, tomar mil providências... Nessa lista vem inscrições, passagens, equipamentos, alimentação, agasalhos, uniformes. Coisa doida!😎 A Malacara Race fez parte do Circuito Mundial de Corrida de Aventura, seguindo todas as regras com rigor, principalmente, no que se referiu à conferência de equipamentos. Muita coisa já tínhamos, outras, precisamos providenciar.  Quando eles liberaram o guia com a logística da prova, conseguimos saber quantos estágios seriam, ter ideia da previsão de duração de cada um, o que levaríamos de alimentos, o que encontraríamos quando acabasse cada estágio. Mesmo com toda organização, a cabeça dá um nó. Tive momentos de ficar parada na frente de tanta comida, sem saber o que faz