Na foto parece limpinha. |
Por conta do bloqueio do tráfego no Polo Petroquímico, tive
que voltar de Camaçari, pegar a estrada CIA/Aeroporto para chegar até a roça.
Afinal, Dia dos Pais é dia de ver o pai, não se pode desistir no primeiro
obstáculo que aparece. E aquele foi só o primeiro...
Já que mudei de caminho, resolvi ir logo por São Sebastião do Passé, entrando pelo Distrito de Pedras. Talvez a dúvida antes da decisão
tenha sido um aviso. Talvez não.
Alguns trechos da estrada de barro estavam
escorregadios. Veio outro pressentimento. Aquele trecho que é sempre
escorregadio estaria pior? Hummmm.
Hora da verdade! Depois do mata-burro, cheguei no
lamaçal, escolhi o lado esquerdo porque metade do carro passaria por cima de
mato, outra parte passaria pela lama. E fui com vontade. Ui! Poucos metros
depois, lá estava eu, atolada como uma vaca (atolada), rs!
Olha, escolhi uma roupa tão bonitinha pra visitar meu pai.
Uma calça saruel caqui, sandálias de tiras e camiseta. Mas, juro, o frio na espinha
não foi de preocupação com a roupa, rs!
Primeira coisa que fiz foi me enterrar mais ainda, insistindo bastante, acelerando o carro,
patinando na lama, sem andar um centímetro. O pneu dianteiro do lado do carona só girava. Ficar dentro do
carro de nada serviria. Ao abrir a porta, me deparei com tanta lama,
cansanção e espinhos que entrei novamente.
Lembrei dos tênis de corrida que tinha deixado no carro no
meio da semana. Que sorte! Troquei de calçados e saí do carro. Dei a volta para fazer a análise de quem não entende nada de atolar carros, rs!! Olhei para um lado... Para o outro... Nenhuma alma visível. E saí procurando coisas para colocar na parte de trás do pneu. Algo
que funcionasse como um calço pra sair de ré, para o carro subir e parar de derrapar. Se fosse
pra frente, entraria ainda mais na lama...
Não tinha uma casa por perto. Ouvia um arrocha bem distante.
Também não tinha uma pedra, nem graveto, nem nada por perto. Só lama!
Inclusive, na primeira distração, afoguei um pé até uns centímetros da calça. O tênis virou bota. Depois de andar um pouco, achei uma estaca, meio
enterrada numa poça. Puxei, voltei e enfiei na parte de trás do pneu atolado. O
carro chegava a se mexer enquanto empurrava.
Depois de uma batidinha no pé, só pra diminuir o estrago de
lama, entrei no carro. As mãos?? Na roupa mesmo! Tenho que providenciar flanela para
deixar no carro. Sim, tenho!
-Vamos lá Luluzinha, você não veio pra Catu no Dia dos
Pais, pra ficar atolada! Zé (Zé é o meu anjo da guarda, que me ajuda pra caramba), meu querido, ajuda!
Sozinha, como é que a pessoa desatola um carro? Alguém tem
que dirigir, enquanto o outro empurra o carro, levanta a frente, coloca
calço... Sozinha não dá! Dei a partida... Pra frente, pra trás, pro lado, pro
outro... Putz! Que coisa! Já sem frio na barriga, pensava num plano
“B”.
Não passava um carro, meus pais nem sonhavam que tinha
pegado aquele caminho, celular nem sonha pegar por aquelas bandas. Oh, céus!!
Saí do carro outra vez para nos dar mais uma chance.
Caso não desse certo, ele (o carro) ficaria ali mesmo. Quem mandou fazer charme? Atolado, no
cantinho, até o chão secar. Mais tarde, voltaria com ajuda. Seria um
trekking de apenas 6km. Nada que nunca tivesse feito antes. Com a maior sorte de
ter encontrado o par de tênis, rs! Sortuda demais, eu sou!
Fui ver a estaca que tinha colocado. O pneu chegou a
prendê-la. Decidi arrumar mais uns matinhos. Andei um pouco, achei um galho
seco, grande. Posicionei o treco embaixo do pneu e fui tentar sair da lama pela última
vez. Caso não conseguisse, estava decidida a fazer o trekking final, até a casa
no meu pai.
Vruummmm, Vrrrummmm, Vrrrummmm, Vruummmm... Na quinta vez o
carro pulou pra trás... Consegui sair de ré, mirando entre os mourões do mata-burro pra não fazer mais merda.
Uhuu, consegui!
E agora? O que fazer? Voltar pra casa ou pegar outra estrada? Estava tão perto...
Dei meia volta, encontrei um motoqueiro morador daquelas bandas. Contei que estava indo pros Varões, ele conhecia meus pais, e disse que os carros estavam passando por ali mesmo. Só atolando de vez em quando, rs!! Sem dúvida, escolhi o lugar errado. Era melhor seguir o caminho marcado pelos outros carros... Quem manda querer mudar, ser mais esperta?!
Dei meia volta, encontrei um motoqueiro morador daquelas bandas. Contei que estava indo pros Varões, ele conhecia meus pais, e disse que os carros estavam passando por ali mesmo. Só atolando de vez em quando, rs!! Sem dúvida, escolhi o lugar errado. Era melhor seguir o caminho marcado pelos outros carros... Quem manda querer mudar, ser mais esperta?!
Depois de uma conversa com o rapaz, decidi tentar novamente,
com o combinado dele me ajudar a desatolar, caso não conseguisse
passar. Olha a zorra! Outra manobra para retomar o caminho, caí num pequeno barranco de frente pra cerca da casa do rapaz. Atolada outra
vez! Dessa vez, atravessada na pista. Nem acreditei! Será possível uma coisa
dessas? Que barbeiragem da zorra, véi!
Saí do carro pra olhar que bosta estava acontecendo, rsrs! O pneu escorregava para subir. O rapaz, Eduardo, queria pegar uma enxada para tirar o degrau. Que coisa! Calculei mais ou menos e vi que dava pra ir um pouco pra
frente e subir pela lateral do barranco, sem bater na cerca. Assim fiz, e a
porcaria do carro saiu. Àquela altura, estava “puta” da vida. Virada para o
lado da roça de novo. Quanta coisa para um belo dia de domingo. Pensava em meu
anjo da guarda, sabia que ele estava ali, rindo de mim. Pensava em escrever
sobre isso. E meus pais? Saí de casa 8:15h, já passava das 11h.
No fim das contas, encarei o atoleiro outra vez. Acreditem! Na
cara e na coragem, na maior adrenalina... Consegui entrar no atoleiro, na segunda marcha, num ritmo só... Que bom!
Cheguei na roça com a roupa podre! Nem dava pra ver a cor
verdadeira dos meus tênis. Levei, inicialmente, a maior bronca da minha mãe por
ter ido por aquele caminho, porque ela não deixa a pessoa contar a estória toda, antes
de falar, rs!!!
Meu pai, quando chegou dos matos onde estava consertando uma
cerca que os bois quebraram, me deu outra bronca, antes de eu terminar a
estória, rsrs! Também não espera a pessoa terminar de contar o que aconteceu.
Deve ter aprendido a interromper com minha mãe. Ou será que ela quem aprendeu
com ele?? Rs!!! Só depois que entendem...
No final, ele ainda completou:
“- Você gosta disso! Ia prestar mais ainda se você tivesse
com um bocado de gente. Você gosta mais quando tem um bocado de gente.”
Pois, é! Gosto quando tem um bocado de gente. Quando não tem
um bocado de gente, escrevo pra um bocado de gente ler minhas maluquices.
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