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Resenha da Maratona de MTB de Alagoinhas 2013


   

   Sempre é muito bacana correr a Maratona de Alagoinhas. Primeiro porque aproveito para visitar um pedaço da renca de parentes, depois que a prova é uma beleza!
   Largar às 9h tem um lado bom e um ruim. O bom é que dá pra dormir mais, comer sem pressa, levar a galera pra ver a largada. O lado ruim é correr o risco de pegar aquele sol no meio da cara, perto do meio-dia, quase no fim da prova. Ainda bem que o sol não estava tão forte. E o melhor é que aproveitei muito o chamego da minha tia Licinha, que amo, antes de sair pra prova!
   O planejamento de prova foi super básico, rs! Um gel de carboidrato, uma barra de cereal, duas bananinhas e uma garrafinha com 750ml de água. Tão básico que a minha amiga Fernanda Piedade ficou assustada. Mas, deu certo, Fê! Peguei água em todos os pontos de hidratação, bebi, joguei na cabeça e nas costas. Ainda sobrou um pouco da minha no fim da prova. Sou doida mas, tenho juízo, rsrs! Pouco...

   No comboio, pedalei os 4.4km em direção à BR101. Largada simbólica em plena praça da cidade, para depois sairmos “à vera” na entrada da estrada de barro. Vitor, Silvana e Ney foram me ver, tanto na primeira largada quanto na segunda, e eu fiquei toda animada por eles estarem lá.
   Meu plano era o pódio, rs! Quem não quer? Mas, não contei pra ninguém porque dá azar, rs! Pelo menos pra mim, dá! Sou uma péssima competidora quando fico metida a besta. Deus não me ajuda, Zé, meu anjo da guarda, me abandona, sinto dor em tudo que é lugar, a bicicleta dá problema... Enfim, comigo não funciona! Tenho que ir na boa, com pensamento positivo pra mim e querendo bem a todo mundo.
   
   Tomei um gel de carboidrato logo ali. Dá uma força meio psicológica, tomar gel antes de largar, rsrs!
   Naquela muvuca de mais de 100 bicicletas, larguei cheia de cuidado pra não me bater com alguém. O pessoal sai parecendo que a prova vai terminar na próxima bifurcação. Mas, já parti pensando que, se quisesse uma boa posição, não poderia perder o foco. Aos pouquinhos, fui passando os mais lentos para pedalar com mais conforto.
   Vocês precisavam ver as paisagens! Ave Maria! A prova começava num estradão massa, depois entrava num sigletrack dentro de um eucaliptal. Só aquele cheiro do eucalipto já melhora a respiração, abre os pulmões. As curvas chegavam a quase noventa graus dentro dos eucaliptos. Pro caboclo desavisado se estabacar no meio das árvores, rs!

   Não sabia da minha posição, mas conseguia visualizar minha amiga Raissa à frente. E fui pedalando forte, de um jeito que não ficasse desgastada ao final da prova. Afinal, eram 55km. Depois de uns 14km (não tenho certeza), entramos no primeiro trecho dos eucaliptos. Mais próxima de Raissa, pensei que poderia tentar uma ultrapassagem depois do singletrack. Ultrapassagem onde só passa uma bicicleta é perigoso e, às vezes, até desrespeitoso com o coleguinha. Quem vem atrás tem maior controle da situação do que quem está à frente, que pode levar um susto, desequilibrar e cair. Eu também não tenho esse equilíbrio todo... Nem sou tão calculista. Só pensei. Tinha uns dois ciclistas entre nós. Teve duas ladeiras entre os eucaliptos do tipo “Uhuuuu”, que desci gritando. Coragem, beirando a insanidade. Logo na primeira, voltava pela trilha, um cara com seu pneu dianteiro imprestável. Aliás, nem tinha pneu, era só a jante toda amassada. E eu desci aquele troço! Que doida!
   Ultrapassei Rai, que parou pra ajeitar a corrente da bicicleta, na saída do singletrack. Hum... Aí é que a gente tem que ter preparo psicológico. Tinha muita prova pela frente. Corria risco de levar um bom troco. Mas, não podia me abalar, nem parar pra fazer o meu xixi, nem relaxar com alimentação, nem perder o foco. Não podia perder a inspiração.

   Sem olhar pra trás, nem imagino em que momento Raissa me perdeu de vista. Saí dos eucaliptos pedalando o tanto que podia. Comi uma barra no km 17 e continuei. Com poucas ladeiras íngremes, quase não usei coroinha. Aproveitava cada descida pesando o pé com vontade e, cada subida na coroa do meio, alternando marchas. Xixi nem pensar, rs! Xixi era psicológico. Já pensou se sou ultrapassada porque parei para fazer xixi?? Ia morrer do coração, rs! De olho no odômetro, não me permitia pedalar abaixo de 17km/h, exceto nas raras subidas mais íngremes, curvas acentuadas, areia fofa! Pô, não sou essa ninja toda, rs!
   O sol apareceu poucas vezes. Até choviscou um pouquinho. A prova foi bem fluida. O tempo passou rápido, sem muito sofrimento. A paisagem também ajudou muito. Uma pedalada tão gratificante que pensava no quanto Vitor curtiria se estivesse comigo. E isso me fortalecia... A energia da natureza me fortalecia, os bons pensamentos também.
   Uns galhos se prenderam em minha corrente... Parei para tirar rapidinho... Mas, xixi, nem pensar, rs! Minha corrente soltou, parei pra arrumar mas, xixi, nem pensar, rs! Xixi é psicológico!
   No quilômetro trinta e poucos, apareceu o cruzamento que separava o povo do percurso curto, do povo do longo. Um cara da organização disse que eu estava em segundo e, claro que era Lila que estava na frente. Ela é muito boa e já foi campeã de provas de MTB nem sei quantas vezes. Dali, ainda faltavam mais de vinte quilômetros. Não sabia como estavam minhas “adversárias”, nem onde estavam. O negócio era olhar pra frente e seguir pedalando. Faltava muito chão. O chão que não fez parte dos meus treinos, já que meus pedais das últimas semanas não passaram de 33km. Coragem, Luciana!
   Dali em diante, nos vários trechos de estradão, percebi que meu rendimento caiu um pouco, mas não perdi o foco. Comi, religiosamente, nos horários programados. Não senti fome, sede, nem dor nas pernas. Só nos ombros, já depois dos 40km. Tenho ombros, lembrei!
   Até vi uma camisa vermelha na minha frente. Passou pela minha cabeça que fosse Lila mas, descartei a possibilidade. Só passou pela cabeça.
   Naquelas manilhas esquisitas, preferi carregar a bicicleta nas costas a passar pelo rio e isso lembrou Corrida de Aventura, meu esporte preferido. Dali, faltavam uns 10km. A prova não acabou em 55, não. Foram 58.8km. Chão não divulgado, meu amigo! Tome-lhe pedalar e nada de chegar! Tome-lhe costela de vaca pra chacoalhar o esqueleto. E lá fui eu pela estrada afora...
   Finalmente, chegou a linha de trem, as casas, a cidade, o paralelepípedo pra lembrar que tudo ainda pode balançar mais um pouco. O centro da cidade, o asfalto... Uhuuu... O pórtico! Mas, precisava botar o pórtico lá em cima?? Tudo bem que não era tão íngreme mas, a pessoa pedala 58km sem parar nem pro xixi e ainda tem que subir ladeira pra chegar, rs! Onde é que fui amarrar o meu jegue??

   E cheguei toda feliz, com minha torcida particular: primos, sobrinhos, namorado, filhos, amigos. Poucos minutos depois da primeira colocada... Ai meu Deus, o xixi! Corre! E Rai veio logo depois. Eu que não pedalasse, rs!
   Foi massa! O bom de pedalar entre amigos é que o amor não acaba com a “guerra”. Todo mundo torce por todo mundo, sem falsidade. A gente ganha abraço e parabéns em qualquer colocação.
   Recadinho:
   -Querido treinador, Tadeu, a planilha está sendo cumprida integralmente. Muito obrigada por compreender nossa mudança de planos e a falta de tempo. Acredite: Dosei. Não botei os bofes pra fora, graças aos treinos e porque dosei. Sempre acreditei na planilha! É o que me disciplina.
   Beijos pra todo mundo e valeu muito, pelas vibrações positivas! Joguei duro dessa vez!

Comentários

Lucy disse…
Jogou duro desta e de todas as vezes!!!
O Release ficou muito bom!! Curti como se estivesse lá.
Parabéns, Penélope mor!!!!!!

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