Foto de Claudia Tedesco |
A Noite do Perrengue estava cheia de Aventureiros do
Agreste! Se não me perdi nas contas, seis duplas, além do nosso Aventureiro
“Solo”, Fábio. Deixe eu lembrar... Marcelo Amorim e Maurício, Claudio e Marcelo
Azoubel, Lucy e Vande, Gabi e Mauro, Tadeu e Laísa com um convidado, mais eu e
Vitor de Targa Náutica Aventureiros do Agreste.
Fábio estava tão pilhado pra fazer a prova que resolveu ir
de qualquer jeito. Foi lá pra casa com a bicicleta no carro e ainda fez
uns sanduíches deliciosos pra nós.
Coisa mais linda ver nossas camisas desfilando no Quintas
Private. E que lugar delicioso de fazer largada de corrida!! O problema é que dá
vontade de ficar rolando naqueles sofás a noite toda...
Foto de Fábio Linhares |
Nosso treinador, no pórtico de largada, disse que ficaríamos numa das três posições do pódio, profetizando. Pressão pura! Nas duas primeiras versões não tivemos pódio. Pequenos erros de navegação no trekking nos tiravam das primeiras posições. E quem não tem um
preparo físico de atleta de ponta, meu amigo, não pode se dar ao luxo de fazer
merda na navegação. Tava repreendido!! Precisávamos tirar o ranço da Noite do
Perrengue, fazendo uma prova com foco na navegação sem erros. Por isso, fiquei namorando o mapa até quase meia-noite, hora de largar.
Foto de Claudia Tedesco |
Sem participar de competições desde o ano passado, a ferrugem corroía até a alma, rs! Sei que a gente deu nossos pulos, treinou o
que pôde e foi pra corrida.
Depois de todas as explicações, avisos, apresentação das
equipes, rasgação de seda, recebemos o mapa da prova, todo trabalhado na cor e
na curva de nível. Aliás, os mapas. Um de trekking outro de bike, com escalas
diferentes. Fique esperto navegador!
Foto de Fábio Linhares |
Entre os mais de 120 atletas, largamos correndo e, logo na
primeira referência, o fluxo de gente entrando na trilha errada nos induziu a um erro. Voltamos sem demora pra recomeçar da referência correta. E talvez
esse tenha sido o primeiro passo para fazermos uma boa prova. Sem preocupação
com as outras equipes...
Essa contaminação faz bem pra todo mundo, menos pra mim...
Acho que já conversamos sobre isso, rs!... Preocupação excessiva com os outros,
com tempo de prova e outras coisas me desestabilizam. Sou toda errada! A
psicologia do esporte teria um trabalhão comigo. O primeiro motivo é que não
sou uma atleta de “ponta”, por diversos motivos não consigo treinar tudo que Tadeu orienta, e o segundo é complemento do primeiro: preciso focar
no mapa. Tico e Teco se distraem com facilidade, rs!
Pelo menos a metade das duplas achou o PC1 na mesma hora.
Formou-se uma fila enorme de atletas afundando os pés na lama do mangue, já
sentindo o gosto da grande aventura que nos esperava pela noite afora. Os tênis
tinham que ser firmes nos pés pra não ficarem num buraco daqueles... Lembrei de uma prova em que Mauro perdeu o tênis num buraco de caranguejo,
rsrs! Deu um trabalho danado pra catar de volta e nos rendeu tantas risadas que
nem brigamos com ele pelo atraso.
Resolvemos dar a volta maior pela trilha até o PC2,
do que arriscar entrar no mangue pelo caminho mais curto. Foi bem rapidinho! Eu,
especialmente, cheguei em grande estilo. A fila já se formara... No afã de
chegar brocando em alta e não perder o lugar, corri feito louca, tropecei num
tronco e voei baixo até os pés do último da fila. Tá vendo que essas coisas de competitividade não funcionam comigo? Pago mico demais! Como uma jaca cai do pé, caí
na fila. Sorte que a areia fofa da praia amorteceu a queda e pude gargalhar de
mim mesma, sem um arranhão. Foi ridículo!
No quilômetro e meio até o PC3, pela
areia da praia, pensava na quantidade de prismas de trekking que ainda tinha
pela frente. Lembrava das versões anteriores da prova, onde os erros no
trekking nos levaram aos cortes. Queria acabar o mais cedo que pudesse pra não
perder nada da brincadeira. Quando você vai a um parque de montanhas russas não quer ir em todas? Cheia de justificativa, peguei a mochila das costas de Vitor (só
levamos uma nesse trecho), pedi pra ele segurar na fita das minhas costas e
botei minhas pernocas pra fazer o que mais gostam: correr. Correr como se tudo
que estivesse atrás de nós fosse explodir naquele momento e só nos restasse
salvar nossas vidas. Foi muito legal, rsrs! Meu amor sofreu um pouco, mas depois
agradeceu. Ele curtiu!
Levaram o picotador do PC3. A fita zebrada estava lá.
Procuramos bastante para evitar problemas e nos pirulitamos. Não satisfeitos
com toda lama e areia, era hora dos nossos organizadores perrenguísticos nos
colocarem na água. A estrada acabava. Parece que desistiram de construir a
ponte de última hora, como nas histórias em quadrinhos, e começava lá do outro
lado. E nós, como estávamos, pulamos na água, ora
pisando no chão ora nadando, até o outro lado na pista... E tomamos fôlego pra
correr novamente. Vixe! A mochila ficou uns quilos mais pesada de tanta água
que acumulou.
Nossa, que felicidade por estar ali! Até combinei com meus
filhos que se subisse no pódio a vitória seria deles. Eu me sentia um pinto no lixo!!
Antes, toda suja de lama, naquele momento, ensopada de água.
Foto de Fábio Linhares |
Saímos na pista de asfalto do condomínio mas, com poucos
metros, nos metemos pelos matos outra vez. E na água de
novo! O fundo do charco era junco ou lama ou nada. Numa noite tão quente, um banho
de rio revigora completamente. E rima!
Foto de Claudia Tedesco |
Subimos uma trilha íngreme até a estrada de barro, seguindo
o plano de pegar os prismas no sentido contrário, do 7 ao 4. Aquele trekking foi um exercício bem gostoso!
A mata ficava mais fechada em alguns momentos mas a trilha nunca desaparecia. Areia
de duna, terra batida, trilha estreita, trilha larga, trilha coberta de árvores,
trilha descoberta... E ainda passamos na casa do Zé, que só depois que descobri
que era o crânio engraçadinho que Gaia colocou nos seus vídeos/briefings, rs! Lerdeza da
zorra, a minha! Bem que achei a casa do Zé bem derrubadinha pra morar uma pessoa de verdade.
Nós que não estivéssemos com os canivetes CIMO em mãos pra
separar as bicicletas presas umas às outras com amarra gatos grossíssimos no PC8. Só
aqueles canivetes pra cortar aquele troço. Brinde que vai nos acompanhar em
muitas trilhas, sem dúvida.
Foto de Fábio Linhares |
Era pouco mais de 3 km até o PC9. O descidão pareceu mais
irado de carro do que de bike mas não perdeu a graça de forma alguma. Minha
bicicleta, mesmo revisada, saiu sequelada do 8, como se tivesse chovido. Descemos o downhill com Mauro e Gabi, passamos pelo portão de serviço do
Complexo Sauípe, atravessamos o asfalto, a vila e seguimos sem demora para o PC
9. Aquele ventinho no rosto lembrava minhas crianças de um jeito tão gostoso
que pedalei com a sensação de que eles me acompanhavam em sonho. Meu anjo da
guarda, o Zé, com certeza foi. Convidei pessoalmente na noite anterior.
Foto de Fábio Linhares |
O PC10 já era dentro do eucaliptal. A agradável noite tinha cheiro
familiar de provas das antigas. Cheiro que desentope nariz. Uma delícia de
trilha capaz de fazer qualquer um perder o controle... Estou falando do
controle do mapa, rs! Gente, era tanta trilha secundária que precisava ficar
atento às bifurcações! Tinha trilha principal que parecia secundária, trilha
secundária com jeito de principal. E cruzamento de trilha em forma de "Y", de "T", de "+", de estrela
do mar, de asterisco. Coisa doida mesmo! E meu marido estava animado que só! Toda vez que os
outros Aventureiros passavam, ele saía conversando e pedalando sem perceber que
se afastava. Enquanto minhas pernas ardiam, marido bonito não mais ofegava e
nem parecia que tinha sido rebocado e botado os bofes pra fora poucas horas
antes.
Entre o 10 e o 11, tinha o complexo PCX. Na encruzilhada, tipo estrela do mar, estavam várias equipes
fazendo conjecturas. Conferi uns azimutes básicos para subir a trilha por
alguns metros. Várias equipes tiveram a mesma ideia no mesmo lugar. Batemos o
azimute e descemos uma ribanceira retada, que nos levou direto até a trilha do
PC. Deu trabalho pra voltar mas nada que não já tenhamos sofrido dobrado em
provas de aventura. Sofrimento pouco era bobagem! Era tudo o que precisava pra
relaxar.
Achamos o PC 11 um pouco depois do plotado no mapa, como
Gaiamum tinha avisado. Dali, enfrentamos o singletrack irado para o PC 12, que
no começo até achei que os alertas tinham sido exagerados, rs! Depois que vi a
porra pegando, me arrependi de ter pensado qualquer coisa do povo... Desci da
minha magrela e andei pela trilha sem vergonha de ser feliz. Além disso, os
mosquitos gostaram tanto das minhas lanternas que penetravam por todos os
buracos do meu rosto.
No final do singletrack a trilha virava um cotovelo para
esquerda. Chegamos até a subir uma ladeira depois do rio por pura falta de
atenção mas logo voltamos para encontrar a trilha perdida. Que trilha! Acho que
passamos por uns dois riachos carregando a bicicleta e enchendo as sapatilhas
de lama. E a subida até o PC 12 foi cruel. Ainda bem que tinha Guaramix
ultra-mega-gelado no final da ladeira. Puxa, como eles conseguiram deixar aquele Guaramix com tantas pedrinhas de gelo? As pernas até pararam de doer, não sei se foi o Guaramix ou se foram as descidas que apareceram aos montes. Tudo fluiu agradavelmente! Passamos longe do corte. O dia amanhecia e eu AMO amanhecer o
dia pedalando por esses matos afora!
Pra variar, lá estavam nossos amigos Agrestes. Perseguição... A gente passava deles, eles passavam da gente.. E isso se repetiu
várias vezes.
Assim que chegamos no retão que nos levaria ao PC 13 apareceram
vários atletas dizendo que o bar não era ali, que era mais atrás, que isso, que
aquilo. Oh, Jesus!! Eu estava contando cada milímetro daquele percurso. Como essas coisas influenciam! O detalhe é que a gente perde tempo e acaba fazendo besteira mesmo. Entrei numa rua, o bar não estava. Fui na outra... Meu marido abaixou a cabeça pra consertar “não sei o quê” e não me viu
entrar na rua do bar/PC. Passou direto e, se não desse falta do indivíduo, ia
embora a viagem dele até desembocar no mar. Sem a navegadora, sem mapa,
seguindo carreira solo! Rs! Todo serelepe, se achando! Ainda bem que voltou.
Dali foi só pedalar mais 7km até a boca da barra do rio pra
fazer o remo. Parece pouco pra quem está com a bunda intacta mas pra mim era
mais um pedal agonizante. O trechinho de asfalto aliviou, o
paralelepípedo estropiou, o barro amaciou, a costela de vaca desfacelou. Enfim, o rio, o PC
14! Carol e Tiago esperavam para nos colocar na fila para remar. Tinha uma
turma na água, outra na terra, aguardando a vez.
Foto de Fábio Linhares |
Deu tempo de descansar, trocar tênis, comer e beber água até
chegar nossa vez. Nem dava pra acreditar que o povo tinha que trazer o barco
por um trecho de areia e nós teríamos de levar tudo outra vez. Castigo da
zorra! Remamos contra a correnteza por pouco mais de 20 minutos. Paramos na
frente da referência pra procurar o tal PC 15. Ave Maria! Ele estava super
escondido na trilha do mangue. Mas pra chegar até lá, tinha que passa por trilha, apicum com a água pouco acima do
tornozelo, outra trilha no meio do mangue até o PC. Só Jesus Cristo na causa!
Que bom que era dia!
Foto de Fábio Linhares |
O remo de volta foi refrescante! Os braços nem precisavam
ter muito trabalho com a correnteza nossa amiga. Em pouco tempo completamos o
percurso e a prova.
...
Então tá, a prova acabou ali! Mas teríamos que escolher entre
atravessar de caiaque, deixar as bicicletas do outro lado do rio, voltar pra
devolver o caiaque e atravessar nadando, ou então voltar pela estrada de
bicicleta por mentirosos 8 km. Acharam confuso? Pensamos bem, vimos a maré vazante, percebemos a
fila de atletas para a travessia e resolvemos pedalar.
Mas quem foi mesmo que disse que eram 8km? Sem sacanagem,
eram 16km, por baixo. “Oh, céus! Oh, dia! Oh, noite! Oh, azar!” Eu parecia o
ranzinza fazendo a corrida maluca. Reclamei, rs! Mas como não tinha preocupação
com hora pra chegar, fui devagar.
Perrengue concluído! Dessa vez com pódio pra Targa Náutica
Aventureiros do Agreste em terceiro lugar.
Sofrimento recompensado com um café da manhã no estilo hotel cinco estrelas com ovo, pão, frutas, sucos, frios, mingau, café, leite e um catatau de itens, servidos na maior fartura, repostos até a chegada do último atleta. Só faltou massagem pra ficar perfeito, rs!
Sofrimento recompensado com um café da manhã no estilo hotel cinco estrelas com ovo, pão, frutas, sucos, frios, mingau, café, leite e um catatau de itens, servidos na maior fartura, repostos até a chegada do último atleta. Só faltou massagem pra ficar perfeito, rs!
Foto de Fábio Linhares |
E dedico meu troféu aos meus filhos lindos, Tiago e Tila,
que ficaram em casa me esperando e sempre torcem pra gente mandar bem nas
provas! Sou grata demais por vocês em minha vida!
Marido lindo, obrigada pela companhia mais uma vez!
Ao nosso treinador querido, sempre otimista com nossos
resultados, muita gratidão!
À Targa Náutica, pelo patrocínio e incentivo, gratidão
muita!
Ah, que Noite do Perrengue! Obrigada Gaia, Arnaldo e família
do Perrengue, por terem nos proporcionado uma noite de amor com a natureza! Que relacionamento intenso!
Aventureiros do Agreste, eu amo vocês! Quantas vezes preciso dizer?
As fotos apresentadas aqui no blog são de Fábio Linhares e Claudia Tedesco. Todas são identificadas mas você também pode clicar nos nomes deles e ver os álbuns completos com cada foto mais linda que a outra!
Beijos e até breve!
Comentários
Parabéns!