Pular para o conteúdo principal

Primeiro pedal de Lulu Penélope do Agreste


   Depois das primeiras Corridas de Orientação ganhei de Xuxu um presente de grego! Uma bicicleta de ferro, daquelas de supermercado. Na verdade, ele ganhou no sorteio de fim de ano do trabalho e repassou o bagulho! Rs! Bom! As bicicletas da equipe(Aventureiros do Agreste) não eram lá essas coisas. Mas, diante das bicicletas usadas em Corrida de Aventura, aquela era bem “peba”! Não planejei usá-la em Corrida de Aventura e nem queria fazer Corrida de Aventura mesmo. Sem queixas, por favor, Luluzinha! Obrigada Xuxu!
   Não sabia passar marcha de bicicleta, morria de medo de cair. Trilha nem pensar!
   O pessoal da Aventureiros do Agreste, me convidava para pedalar no fim de semana e eu só enrolava. Dizia que não tinha com quem deixar as crianças ou dava outra desculpa esfarrapada. Meses depois, quando o repertório de desculpas acabou, comecei a prestar atenção na situação das pessoas que saiam da aula spinning na academia. Pensava que não agüentaria fazer uma aula inteira, mas fiquei motivada! Fiz quatro aulas antes do dia de aceitar ir para a trilha.
   Finalmente, fui pedalar com a minha linda bicicleta de ferro, que já estava toda oxidada antes do primeiro passeio. Previsão de uns 25km, saindo da minha casa. Acho que eles vieram me buscar pra eu não fugir. Foi...! Vieram...!
   Os primeiros 5km foram “beleza pura”! Entramos em Abrantes, já pegando o estradão num trecho sem muitas ladeiras. Em seguida começaram umas subidas leves, pra depois a coisa ficar mais pesada. (Na época era bem pesado pra mim!)
   Meu Deus! Eu nem acreditava onde tinha me metido só de olhar pra cima. A ladeira começava, virava pra direita e ia indo, sabe como é?! Mesmo seguindo as instruções de usar a marcha mais leve e ir devagar pra não cansar, a coisa era dificílima! Todos já estavam lá em cima, olhando, enquanto eu sofria pra subir. A vontade de parar veio à tona. A perna doía e meu peito ardia pra respirar. Comecei a me concentrar, a fazer mentalização.
   Meu batimento estava em 188 quando terminei os procedimentos de subida. Foi uma comemoração danada! Com o batimento a 188(Repeti de propósito mesmo!) e os bofes quase saindo pela boca, o pessoal informou que só eu tinha conseguido subir aquela ladeira de primeira. Fiquei toda orgulhosa do meu feito!
   Esse trecho de estradão de barro em Abrantes é de 14km, o resto é de asfalto. Apesar de ser pertinho da cidade, fica na zona rural. O cheiro de mato é uma delícia! Tem cachorro pra correr atrás da bicicleta. Dá pra engolir mosquito se falar muito. (Imaginem quantos mosquitos eu já engoli!) As árvores são frondosas e chegam a cobrir a estrada. A lama aparece quando chove. Com todo sofrimento, ainda consegui sentir o vento no rosto do qual as pessoas tanto falam que sentem nas pedaladas.
   Subi as últimas ladeiras pra chegar em casa nos últimos suspiros de fôlego, com o bumbum dolorido, os braços e os ombros tremendo de tanta tensão. Mas, gostei daquilo. Gostei do desafio embora o medo ainda fosse muito maior do que a vontade de voltar lá. Tinha que me trabalhar bastante pra sentir coragem de sair aos sábados pra pedalar. Mesmo assim, fui adiante! A turma não gostava muito de treinar. Descobri uma turma liderada por Jilvan, que tem uma loja de bicicleta, que pedalava nos fins de semana. Comecei a ir com eles e entrar em trilhas mais estreitas.
   E, mesmo sem ter uma bicicleta de competição, fui convidada a correr na equipe por causa de uma distensão de Gabi. Em março de 2006 estava na linha de largada da Paletada Adventure, na Praia do Forte, fazendo a primeira minha Corrida de Aventura. E isso já é outra estória! Depois eu conto.
   Comentário básico: Com o passar do tempo, descobri que eles (Leia-se Mauro) chamam qualquer pessoa pra correr. Mas eles ju-ra-ram que perceberam que eu tinha uma coisa de corredor de aventura chamada “sanguenozóio”. E isso eu tenho mesmo!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Desafio dos Sertões 2023- 140km

  Que o Sertão é um dos lugares mais inóspitos à sobrevivência humana, a gente já sabe! Que você precisa ser forte pra enfrentar a caatinga, ter resiliência, coragem, foco, determinação, também. Que o Rio São Francisco é um gigante que impõe, acima de tudo, reverência, sabemos. Querer ir lá pra experimentar tudo isso e ainda gostar, é outra história! E lá estávamos nós, no Desafio dos Sertões, nos 140km de aventura, entre mountain bike, trekking, natação, canoagem, tudo com navegação com mapa e bússola.  Nos últimos tempos, temos alternado bastante os atletas da equipe, menos eu e Mamau, que somos fominhas de prova. Mas, brincadeiras à parte, Vitor e João estão afastados por questões pessoais. Então, Lucas, nosso novinho da Turma 12 da Escola de Aventura, continuou com a gente, depois da Carrasco. Além disso, Arnaldo, da Olhando Aventura, veio fechar o quarteto, reforçando nosso time com sua experiência. Reunimos, alinhamos objetivos, organizamos a tralhas e partimos pra Juazeiro

UTCD 2023- 80km

   Não tenho um pingo de vergonha na cara. Da última vez que fiz a Ultra Trail Chapada Diamantina (UTCD), disse que machucava muito os pés e que preferia fazer Corrida de Aventura… Como se Corrida de Aventura machucasse menos. 😂    Esse ano, eu corri todas as provas do Campeonato Baiano de Corrida de Aventura, menos a Expedição Mandacaru, porque estou envolvida na organização. Então, pra fechar com chave de ouro o meu ano esportivo e comemorar meus 52 anos, decidi correr a UTCD.     Tudo bem! Eu amo correr, mas precisava ser 80km? Aí é que vou contar pra vocês…    Já que eu estava indo e já tinha feito 50km, decidi me desafiar nos 80. Fiz minha inscrição e ainda joguei minha filha no bolo, nos 35km, que depois ela mudou pra 14, por que não estava com tempo pra treinar o suficiente. Eu queria brincar o brinquedo todo!    Depois de um fim de semana de muito movimento na Expedição Mandacaru, lá estávamos nós, na semana seguinte, acampados em Mucugê, de mala e cuia, com boa parte da famíl

Carrasco Histórias- 150km

  Formamos o quarteto com Lucas e Elvis, ex-alunos da Turma 12 da Escola de Aventura do Agreste, pra correr a Carrasco, porque Vitor e João não puderam ir conosco. Eles aceitaram de cara, mas não lembro se, de cara, contei que seria sofrido. Acho que sim! Devo ter contado. 😇 QUARTETO Luciana, Maurício, Elvis e Lucas Fizemos reunião de alinhamento, treinamos as principais modalidades. O treino de canoa caiçara em Ilha de Maré foi uma aventura à parte, nos divertimos horrores, tomamos vários caldos, a canoa encheu de água, foi um fuzuê! Sem contar que dar a volta na Ilha inteira, correndo, foi muito massa! Também fomos pra Itacimirim remar de canoa havaiana com nosso amigo Paulo da @whanaucanoeclub, que deu váaarias dicas valiosésimas pra gente se entender na remada em quarteto. Cachoeira é pertinho de Salvador. A cidade está muito lindinha, bem cuidada, charmosa, valorizada. Teve até tour com os atletas até chegar ao mapa. A prova poderia ser com apoio ou poderíamos deixar os sac