O Campeonato Baiano de Orientação estava
cheio de Aventureiros do Agreste novos, velhos e jurássicos. Todos numa
animação só!
Antes da largada conversamos muito sobre navegação com os novatos.
Orientação não é igual a Corrida de Aventura. O mapa é mais detalhado, o tempo
é curto, não dá pra planejar nada, riscar e rabiscar o mapa, anotar azimute. A estratégia é
definida ao mesmo tempo em que as coisas acontecem. Mas, a essência do esporte é a
mesma. Tem que jogar limpo, respeitar o coleguinha, passar por todos os
prismas, ouvir o apito do chip. Não pode querer ganhar sem ter pegado todos os
prismas. Não vale querer mudar a classificação, nem subir no pódio se seu
extrato estiver escrito “desclassificado”. Ninguém vai lhe proteger.
Por falar em desclassificado, esse é um medo que sempre tive
desde que comecei a correr em 2005. Aquele papel que a gente grampeava no
prisma (o SICARD é coisa nova!) teimava em voar da minha mão, rs! Já voltei um
trecho enorme pra procurar. Já fui desclassificada. Também já fiquei perdida até acabar
a premiação e recolherem os prismas, rs! Tudo pode acontecer! Na primeira vez que levei Vitor, cheguei
mais de uma hora depois da última atleta antes de mim. Aprendizado, rs! E
olhe que já era considerada experiente. Algumas vezes, a experiência nos trai.
As outras meninas da minha categoria já deveriam estar bem
longe, talvez perto de terminar a prova, quando parti no minuto 50. Ou não...
Tudo dependia de como seria o desempenho delas. Isso eu não controlo.
Na Corrida de Orientação conta o seu tempo de prova, independente
da hora que você larga. Não sai todo mundo junto de propósito mesmo, pra
ninguém "encarneirar" ninguém.
Agnaldo disse pra gente não rasgar mato porque a floresta
estava bem densa. Com meu mapa verdejante em mãos, fui pegar o primeiro prisma
obedecendo aos conselhos do organizador. Dependendo da situação, até prefiro ir
certinho pela trilha mesmo! É mais difícil de me perder.
Toda Corrida de Orientação é assim... Fico atrapalhada
até achar o primeiro prisma. Já saio pensando nisso. Correndo até a beira da cerca, atravessei e
segui pela trilha, entrando naquele corredor verde. Depois da primeira cerca da
esquerda encontrei uma trilha à direita, encontrei meus amigos, Tadeu e Laísa,
mas, não encontrei o prisma. Veio aquele pensamento de como sou atrapalhada
para encontrar o primeiro prisma e me acostumar com as distâncias da
Orientação.
Como combinei comigo mesma de ficar bem atenta, tratei de
sair da trilha e entrar na seguinte: aquela de frente para outra cerca, como
estava no mapa. Pois é! O prisma estava bem ali no canto da vegetação.
Também combinei comigo mesma de ser ágil nas decisões,
pensar rápido e correr sempre que pudesse. No meu caso, tempo é troféu. Quem
sabe não levava um daqueles pra casa?! Bem, na verdade, queria era estar ali,
bem naquele lugar e fazer o melhor que pudesse. O resultado poderia ser o que
viesse. A curtição tava muito boa! Adoro caça ao tesouro!
Saí correndo para o prisma 2, peguei a estradinha novamente,
entrei na trilha à esquerda, subi rapidinho uns 200m e lá estava ele, numa
árvore na vegetação. Falando em vegetação, quase todos os prismas estavam na
vegetação ou numa árvore, ou nas duas coisas.
Nada de rasgar mato, volta pra trilha Luluzinha! E “pernas
pra que te quero?”. Para correr é claro! Mais uma entrada à direita, beirando a
vegetação, o prisma 3.
Êpa! Para a trilha principal! Até pensei em entrar numa
trilha secundária para pegar o prisma 4 mas, achei o ganho de tempo duvidoso, já que se tratava de uma trilha mais estreita, paralela à principal.
Meu deslocamento poderia ser comprometido. Nesse vai, pensa e volta a gente
perde um tempinho...
Contei passos dali até a entrada do 4. Deu certinho! Isso dá
uma boa dose de confiança pra seguir na corrida. Foi perto do 4 que encontrei Lucy.
Trocamos poucas palavras, perguntei se ela tinha pegado o 4 e onde
estava. Rs! Antes mesmo que ela respondesse, lembrei que estávamos competindo
na mesma categoria. Senti-me de uma cara de pauzisse absurda! Rapidamente, pedi que não
contasse e nos despedimos. Achei que ela estava bem!
Prisma 4! Dali, fui enfiar meus pés na lama. Aliás, fui
enfiar metade do corpo na lama para achar o prisma 5. Acabou esse negócio de
pegar trilha principal, rs! Entrando à direita logo na saída do prisma 4, segui
até uma bifurcação. Vi um atleta que estava
fazendo o mesmo percurso que eu, entrando para a direita. Sei lá porquê,
preferi continuar na direção do 6, virando para a direita mais adiante. Não sei
se foi uma boa escolha, mas peguei um charco miserável no caminho, afundei
metade do corpo na lama. Só que eu e o meu coleguinha do qual falei nas linhas
anteriores pegamos o prisma 5 juntos. Como meu caminho era mais longo, dava no mesmo! Só que ele não teve direito a um banho de lama.
Como já sabia onde estava a trilha do 6, só precisei voltar
rapidólio, encontrar a clareira, olhar para a esquerda e pronto. Lá estava ele!
Pra variar, na árvore na vegetação.
Ai, gente! Que
vontade de bater um azimute e me lascar toda até o prisma 7! Rsrs! Cheia de
juízo na cabeça, entrei no canto esquerdo da clareira, numa trilha bem
arborizada, achei a cerca do mapa, passei por baixo dela, segui para a direita
beirando a cerca mesmo. Prisma 7, ok!
Bastava achar a casa para encontrar a trilha e descer para o
prisma 8. Ele estava bem ali, pertinho do riacho, do lado esquerdo, meio
escondidinho.
Decidi voltar para cerca novamente para me guiar até o
prisma 9. Só que fui tendendo para a esquerda... Encontrei a cerca, o prisma e Mauroba, reclamando
que cometeu alguns erros. E seguimos para um prisma de mesmo número, descendo uma ribanceira.
Como ele desceu muito rápido, nem vi quando levou
uma galhada no rosto. Precisou de ajuda. Tive que parar para jogar água em seus olhos. Rs! Os pensamentos que passam em minha cabeça são interessantes. Se tivesse que parar
para ajudar meu amigo, certamente pararia. Ainda bem que foi uma parada rápida!
E ainda bem que o prisma 10 estava bem pertinho. Deve ter sido um bônus de jogo, quando você socorre alguém, rs!
Até tinha uma trilha me convidando a entrar para cortar
caminho para o prisma 11. Talvez um convite para perda de tempo, talvez um
verdadeiro corte de caminho, talvez levasse à outro canto daqueles matos. Quem sabe? Parecia tão bonito, arborizado, plano... Mesmo assim, optei por subir o barranco
e pegar minha santa cerquinha de volta. Isso eu posso escolher!
Seguindo a cerca ficou bem tranquilo... Lá estava o prisma
11, todo bonitinho numa vala.
Logo no final dessa trilha apareceu a estrada que me levava
ao prisma 12. Estava com sede! Corri até lá, bati o prisma, bebi água e fui
embora.
Outra trilha-tentação à direita talvez me conduzisse a um corte de
caminho até o 13. Entrei uns dois metros, olhei, pensei, voltei. Não me atraiu. Além do mais, no
mapa, seu final era indefinido e não terminava exatamente no 13. O comentário de
Zildgar, quando estava pegando a trilha principal foi uma boa comprovação de
que teria feito uma boa escolha. “Nem Marcinha conseguiu passar.” Hummm...
Certo! Mas, onde ele teria encontrado Marcinha?? Bem... Tinha "5 minutos". Olha
só que maravilha! Marcinha estava perto de mim, Lucy também. Todas saíram antes
de mim... Deveriam estar à frente. Animei ainda mais!
Corri pela estrada, encontrando uma cruzamento, fui para a
direita. Mais uma vez, pensei em cortar caminho... Passei por baixo da cerca,
comecei a entrar pelo mato. Daí pensei no meu objetivo de prova, na
concentração, no foco. Sempre lembro que quando fico muito excitada com uma possível vitória, perco a concentração e dá merda. Por isso, quando percebi que o
corte de caminho poderia ser arriscado, decidi deixar de ser doida e correr
pela estrada mesmo. Afinal, no dia 24 de maio serei uma maratonista do Running
Daventura. E isso não é pouca merda não. Tô treinando corrida, meu povo!
Apesar da volta que dei, foi bem tranquilo pegar o prisma 13
entrando pela casinha. Meu parâmetro mais uma vez foi um rapaz que entrou pelo
atalho e chegou lá em cima junto comigo. Além disso, ainda interagi com o
pessoal da casinha, rs! Gosto do “bom dia” do pessoal da roça! Lembra minha
família.
Volta eu, descendo a ladeira desbandeirada, passando de
volta pela casinha, pegando a estrada de volta para chegar até o 14.
Tranquilinho, tranquilinho! E foi saindo dali que encontrei Marcinha, indo
pegar o 14.
Também peguei o prisma 15 rapidinho. Se não errasse nada e
as outras competidoras não estivessem num bom tempo de prova, possivelmente,
estaria no lugar mais alto do pódio. Segui confiante.
O 16 e o 17 também foram prismas bem tranquilos de
encontrar. Teve gente que escolheu pegar o 18, passando pelo caminho do 12.
Preferi entrar à esquerda até chegar lá. A trilha não estava tão bem marcada no
mapa. Mesmo assim, não esperava que a mata fechasse e a trilha sumisse e
aparecesse de quando em quando. Meu progresso não foi tão rápido como pensei
que seria. Algumas vezes, tive a sensação de que poderia estar errada. Foi
preciso andar agachada em alguns momentos. Subi a ladeira com a bússola no
azimute. Que alívio quando apareceu a bifurcação! Encontrar o prisma foi um belo
prêmio para meu esforço e concentração! Só faltavam 4 prismas, todos pertinho.
Aproveitando a descida, trotava até o prisma 19. Ele estava
numa árvore perto da vegetação, só pra variar. O 20, tranquilex! Eu e Marcinha
nos encontramos entre o 20 e o 21, e pegamos o prisma 22 já bem pertinho da
chegada.
A vitória eu só comemorei depois de conferir se não tinha
esquecido de algum prisma, se as outras atletas ainda tinham chance, se meu
nome aparecia no painel, rsrs!
Agnaldo, a prova estava impecável! Obrigada por nos
proporcionar uma manhã tão bacana!
Marcinha, agradeço muito pelo incentivo a voltar pra
Orientação, correndo sozinha. A mudança de categoria, independente do
resultado, me fará muito bem! Você é uma grande incentivadora do esporte! Além de tudo, está navegando muito! Merece ótimos resultados aqui e no brasileiro.
Fiquei muito feliz com os resultados dos nossos Aventureiros. Vande jogou duro! As duplas foram muito bem! Lucy deu um grande exemplo de coragem e persistência... Quase fugiu quando Vitor apareceu para tirá-la da prova, rsrs! Claudio, que mesmo atrasado, tranquilizei seus amigos que ele chegaria, rs! Eudes, Tadeu, Laísa... E Vitor, figura, que foi lá pra me buscar, acabou saindo pelos matos pra resgatar Lucy e ainda foi procurar um prisma com ela! Todos de parabéns! Todos loucos por aventura!
No mais, estou na área, sem saber se consigo correr todas as
etapas. Vou tentar!
Beijos e até a próxima resenha!
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