Antes, pesquisamos muito em blogs, vídeos e sites,
reservamos o que pudemos e organizamos os equipamentos que tínhamos. A Corrida
de Aventura nos traz essa leveza. Acostumados com perrengue, a gente tem quase
tudo de equipamentos e a cabeça meio preparada para os imprevistos. Inclusive, o kit de primeiros socorros usado nas
corridas sofreu poucas alterações para viagem.
Até Lima, a mudança de duas
para três conexões resultou em um dia inteiro de viagem. Saída de Salvador na
manhã de 21 de junho, conexão de 5 horas no Rio de Janeiro, outra
de 4 horas em Santiago, até chegar em Lima na madrugada seguinte, dia 22 de junho.
Esperamos o dia amanhecer para pegar a condução até o Hostel em Miraflores.
O assédio dos taxistas no aeroporto é pior do que em
qualquer lugar que já fui. Eles não lhe deixam em paz, irritam mesmo. Uber não deu certo, e rolou assédio também. Arghhh! Depois de mais
de meia hora tentando, pegamos o Táxi Green por $60 (60 soles) até Miraflores.
Então fiquem ligados porque não vale a pena se estressar, melhor pegar o táxi
que você fecha antes mesmo de sair do desembarque.
Às 6:30h da manhã, o trânsito de Lima é indiano (nem conheço mas ouvi falar),
faltando só as vacas no meio da rua. Os motoristas buzinam eternamente,
quase todos os carros são amassados em algum lugar, a rotatório é mundo sem lei
e cruzamento... Sem comentários. Sem contar que atropelam as pessoas sem dó nem
piedade. Nunca deixe seu pé na faixa de pedestre! Prometo passar um bom tempo sem reclamar do trânsito no Brasil.
Todo canto da cidade tem uma orientação para o caso de
terremoto, tsunami ou os dois eventos. Os peruanos estão esperando um daqueles que matam 50
mil pessoas porque tem mais de 100 anos que ocorreu o último. Confirmei em rápida pesquisa no Google e comecei a rezar. Rs! Lá tem tanto tremor de terra
que a pessoa nem percebe mais. Deve ser por isso que o trânsito é daquele
jeito. Pressa!
Levamos as malas para o Hostel Pucllana Lodge em Miraflores.
Bairro bem bonitinho, arrumado, florido, cheiroso... Mas as pessoas buzinam em qualquer bairro. O céu de Lima é cinza como o de Santiago, embora não
tenha o mesmo charme da capital Chilena. Que me perdoem os amantes de Lima!
Um dia dedicado à busca de equipamentos da nossa
pequena lista de pendências. Seguindo a dica dos nossos queridos amigos, Lucy e Vande, a visita à loja da Salomon, no Shopping Larcomar,
nos rendeu tênis Speed Cross 3 novinhos por 200 soles. Ninguém quer mais porque
o SC4 foi lançado. Que bom que eles acham isso!! Também compramos uma mochila de trekking num lugar longíquo!
O almoço no Bistrô perto de uma igrejinha
de Miraflores foi ótimo! De lá, fomos turistar na simpática Plaza de Armas, onde tinha uma
banda tocando no meio da rua e a galera da terceira idade jogando duro no tchá-
tchá- tchá.
Na manhã seguinte, as malas já estavam prontíssimas pra
viagem à Cusco. Aproveitamos a sobra de tempo pra visitar o Sítio Arqueológico na esquina do hostel. As ruínas foram encontradas em 1981. Um
passeio bem legal que me fez até pensar que visitar Lima pode valer a pena...
Nosso avião, atrasado em uma hora, mergulhou em Cusco lá
pelas 4 da tarde. A cidade fica, a 3400m de altitude, dentro de um buraco. O pequeno aeroporto consegue ser tão confuso quanto o de Lima. O detalhe é que os
taxistas não podem entrar. A condução custou 10 soles, super baratex, até o Hostel Munaycha Casa Hospedage. Atendimento ótimo,
chá de coca quentinho na recepção, folha à disposição, quarto confortável e
café da manhã gostoso.
Percebi a altitude apenas por leve queimor no nariz e cansaço para subir degraus e ladeiras. Nada demais. E no outro dia ainda
cumprimos nosso treino regenerativo de meia horinha que nossa treinadora
passou. Na boa... Nem tive coragem de olhar o frequencímetro.. rs! Os dentes
e as bochechas quase congelaram. Os bofes tentaram sair pela boca mas arrumei a respiração, tomei fôlego e não dei ousadia pra ofegância.
A cidade estava em festa. A tradicional Inti Raymi, festa
inca do solstício de inverno ou festa do sol, parece carnaval. Um ritual lindo, colorido, com comentarista, encenação, transmissão ao vivo pela TV,
bandas, desfile com carros alegóricos e gente fantasiada. A praça esteve cheia
dia e noite sem parar, enquanto estivemos lá.
Tínhamos duas noites em Cusco para concluir os últimos
detalhes da viagem, dentre os quais, comprar mapa topográfico, uma mochila de
40l, alugar barraca de montanha e saco de dormir de -10 graus, além de pegar o
máximo de informações possível. Cusco é um paraíso para comprar essas coisas!
Lima é totalmente dispensável nesse aspecto, exceto pelo Salomon.
Entrando de loja em loja, encontramos o argentino Alejandro,
da loja Peru Goyo Expedition. O cara disse que era muito frio, que era
impossível fazer a trilha Salkantay em três dias, que a altitude fazia sangrar
o nariz, que a gente podia até morrer... Enfim, saímos da loja pra pensar melhor, depois voltamos para alugar
os equipamentos com ele. As dicas foram muito boas mas fomos embora com a
promessa secreta (eu e Vitor) de voltar lá pra mostrar pra ele do que éramos
capazes.
A aventura estava só começando!!
Comentários