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O GRANDE DESAFIO DO SERTÃO

Esse relato é do meu amigo Américo Sam em sua primeira experiência em Corrida de Aventura no Desafio dos Sertões 140km. Achei tão criativo que resolvi compartilhar essa graça.


O GRANDE DESAFIO DO SERTÃO

Meus amigos e companheiros,
caros colegas e prezados cidadãos;
Vou lhes contar um fato interessante,
por isso, careço de vossa atenção.

Trata-se de uma peleja
que se sucedeu no sertão;
O desafio foi tão grande
que abalou e comoveu todo e qualquer coração!

Estava eu tranqüilo
desfrutando da vida de ocasional corrredor;
Quando em cima da bucha,
Seu Paulo, o caatingueiro, um convite me lançou.

“Venha conosco até o norte do estado
para o 4º integrante da minha equipe se tornar;
Será uma corrida ‘boba’ (boba o que moço)
e nós não teremos o compromisso de ganhar;
mas se derem trela,
a gente chega pra biliscar”.

Fiquei em cima do muro
e fui com algumas pessoas conversar;
Falei com o Véio do Mato
e ele disse que lascado eu iria ficar;
Pois, corrida de aventura é uma coisa
que apaixona e bota o cabra pra piar.

Conversei com minha família
e a autorização recebí;
Minhas filhas ficaram temerosas
mas, oraram pra eu conseguir;
Minha esposa disse:
volte inteiro, pois te queremos aqui.

Avisei ao pessoal do Caatinga
que eu nada possuía pra levar;
Malmente um par de calça e camisa, juntamente com uma bússola,
e todo o resto, eles tinham que providenciar.

Avisei também que estava com receio da minha resistência,
pois, fazia tempo que não pedalava;
Vez ou outra eu corria,
mexia com bússolas e nunca remava.

Em juazeiro, a recepção foi muito boa
me fazendo esquecer do perrengue que estava pra vim;
Mas tudo foi embora,
quando chegou a hora de partir.

A partida foi dada
e nos pusemos a correr;
Foram 8 km de corrida e caminhada,
com um sol de fazer o juízo arder.

No PC1 encontrei uma coisa
que eu sabia fazer;
Uma pista de orientação
que nos colocou a vencer.

Mas no PC2 encontrei algo
que me colocaria em “depressão”
Rema, remava, rema, remava,
porém, achei que o “barco” não saia do lugar, não.

Marcinha tinha me ensinado uma cantiga
que no lago me pus a cantar;
Eu amo remo – eu amo remo,
mas aí, meu parceiro começou a enjoar.

Pensei que a noite iria cair
e no lago estaria a remar;
Mas, hei! Que surge uma dupla
e sugere nos rebocar.

Foi à salvação da lavoura
e ao ADVOGADO AVENTUREIRO tenho que agradecer;
Paulinho e Márcia já estavam quase dormindo
quando “resolvemos” aparecer.

Ufa! Chegamos ao PC3
e juntos com outras equipes fomos o PC4 atacar;
O ataque foi bonito,
pois logo-logo chegamos lá.

A ida pra o PC5
foi um tal de trek corrido que me fez cansar;
Mas, a canseira que tava pra vir,
eu não sabia mensurar.

Por favor, registre aí uma coisa
que esqueceram de me avisar;
Pedalar, sem treino, é muito ruim
e com selim pequeno, tende a piorar.

Alcançando o PC6
fomos para o PC 7 rapelar;
Rapelamos rapidinho
e de volta, começamos a pedalar.

O pedal ficou pesado
porque tinha muita areia pra travar;
Eu clamava por uma banguela
mas aí, a equipe se pôs a me empurrar.

Batemos o PC9, o PC10
e o PC11 demorou a chegar;
E quando chegamos
faltavam duas horas pro corte começar.

Meio que receoso, fomos ao lago
para a 2ª perna de remo encarar;
A coisa tava feia,
parecia praia deserta com ondas a se quebrar.

Ventava tanto, que nem o pensamento eu mexia
com medo de o caiaque virar;
Rapaz! Ventava muito mesmo,
só estando lá, pra assuntar.

As marolas voltaram a entrar em ação
Sendo assim,
cabava ali a nossa participação;
Uma coisa eu digo,
e digo com emoção:
“Foi uma honra participar dessa prova,
que é bem chamada de DESAFIO DO SERTÃO”.

Na oportunidade, agradeço ao meu DEUS
que a todo tempo nos sustentou;
Aos caatingueiros fortes e determinados
que a todo momento minha moral elevou;
A todos, MUITO OBRIGADO,
e até a próxima com a benção do NOSSO SENHOR.

Grande Abraço,

Américo Sam

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