Espero que tenha sido o meu pior dia no meio dessas intercorrências! Gabi se despencou cedo da Pituba para me pegar em Lauro de Freitas e me deixar no Hospital em Pau da Lima. Alguém tem idéia da viagem?? ... Amigos são pra todas as horas mesmo!
A simpática recepcionista adiantou-se dizendo para eu não reparar na demora. Esclareci que não estava preocupada pois, precisava daquela consulta do super médico do esporte. Era um Ortopedista de confiança indicado por outra querida amiga, Caíssa.
Aquela enchente de gente na sala de espera me assustou um pouco. Gabi ficou comigo o tempo que deu, foi embora depois das 10h. Sozinha, me acomodei num cantinho e comecei a contar as pessoas. Eram 42 sentados, mais um punhado de gente em cadeiras de rodas e muletas pra todo lado... para diversos médicos.
É muito mais fácil fazer uma corrida de 600km do que ficar de muletas pra cima e pra baixo. Preferi nem sair pra comer. Corria o risco de ser chamada. Meu deslocamento de tartaruga complicaria qualquer coisa, rs! Pude ter uma noção, mesmo que pequena, de como um deficiente sofre! Aliás, finalmente, experimentei a fundamental importância daquelas barras de apoio nos sanitários para deficientes. O que seria de mim se elas não estivessem ali para eu não me sapecar toda naquele banheiro sujo. Nem queiram imaginar o desconsertante malabarismo para se fazer um simples e básico xixi. E o banheiro estava muito sujo mesmo! Meio vergonhoso para um Hospital daquele porte.
Naquela espera interminável de mais de 3 horas, via gente entrando e saindo em cadeiras de rodas e de muletas. E de macas também! À propósito, não sei se é uma boa idéia que o trânsito de pacientes com macas seja feito pela recepção de um ambulatório. Deprime os pacientes que esperam. O choque maior veio quando entrou um menino sem pernas de uns 16 anos numa cadeira de rodas, empurrado pela mãe. Ele me olhava meio de lado, como se não quisesse a retribuição do olhar. Preferi desviar o olhar.. Aquilo me doeu o coração profundamente e não tenho dúvidas de que precisava muito estar ali naquele momento para sentir aquela dor emocional. Pensei em mim, nos meus filhos, em minha família.
Na recepção, só sobramos eu e uma sorridente e traiçoeira senhora. RS! Desculpem pelo 'traiçoeira' mas, ela invadiu o consultório do médico na minha vez. Podia andar livremente, eu não! Quando minha senha apareceu no visor, saiu muito rápido. Só entendi a correria quando cheguei à porta do consultório e lá estava a criatura sorrindo pra mim. Procurei disfarçar a minha indignação porque o médico gentilmente a pôs no corredor, sentadinha, aguardando a seu momento. Sem comentários!
No fim das contas, está confirmado que ficarei de molho por dois meses. Vou precisar de fisioterapia para tomar coragem de colocar o meu pezinho no chão. Talvez consiga andar daqui a duas semanas, três, não sei. O médico só disse que eu esquecesse qualquer corrida e tivesse paciência.
Resolvi ir até a junta médica para terminar o dia com chave de ouro. Aproveitei que o motorista da minha querida ex-sogra estava levando Tiago ao dentista e passaria por ali. Aliás, o cara virou meu motorista por um dia. Resolvi um monte de coisas. Mas, a junta médica estava com o sistema fora do ar. Bom.. não entendi muito bem porque um médico não pode fazer uma consulta devido ao sistema fora do ar mas, tudo bem! Vejam o que a tecnologia tem feito! Nesse caso, atrapalhou.
Ao final do dia, em casa! Fui almoçar e jantar.. Cansadona, com uma dor de cabeça danada e o pé mais inchado do que todos os dias mas, refletindo sobre tudo o que me aconteceu. Planejando como vou administrar a minha vida sem poder andar com as minhas próprias pernas. Sem dúvida serão dois meses de grande aprendizado e só tenho a agradecer pelos amigos que tenho, pela família (a de Xuxu também!), pelos filhos, pela minha funcionária (a Neusinha, lembram!?) e pela Providência Divina.
Boa Sorte Luciana!
Eu e Taty no pedal da Cachoeira do Urubu. Ótima lembrança! |
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