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Vida de Penélope (a beira de um ataque de nervos)




"Quando você cair e achar que não aguenta mais, lembre-se: ainda restam 30% de suas forças!"

"Retroceder Nunca, Render-se Jamais, Divertir-se Sempre"

"O sofrimento é passageiro, desistir é para sempre!"

Lembram do desafio de passar um mês sem funcionária em casa? Ainda estou viva! Não me rendi, embora tenha pensado bastante no assunto. Ensaiei arrumar uma faxineira várias vezes. Até esqueci porque foi que inventei essa história. Acho que foi pra tomar pé das coisas, pra cuidar da casa um pouco. Trabalhar na rua e em casa é um caso sério! Tô me lenhando quando chego do trabalho. Quinta, fui dormir quase meia-noite, esperando a máquina de lavar roupas concluir seu ciclo. Enquanto isso, arrumava as compras de mercado que acabara de fazer. As crianças até colaboraram, mas precisavam dormir cedo por causa da escola.

Basta dizer que adoeci. Foram três dias com dores de cabeça, ouvido e garganta. E isso me tirou dos treinos. Da casa, não. Então vem as cobranças internas do desejo de um mundo perfeito. A preocupação com as crianças, a alimentação que não tá lá essas coisas todas (estou longe de ser mestre cuca), o dinheiro do lanche que esqueci de dar, a ausência do pai que mora em São Paulo, a culpa. Olha! Se há uma pessoa que ainda não tem controle de culpa, essa pessoa sou eu. E quando todos os culpados forem exterminados da face da terra, restará eu. Sempre acho que deixei de fazer alguma coisa. Hiii! Acho que vou ter que fazer terapia. Na corrida, até criei um slogan: "Ninguém tem culpa sozinho." Tenho que repetir isso pra mim umas 300 vezes quando estou assim. Juntou com a TPM e meu mundo desabou por três dias. Até a luz do sol me fazia chorar. Rs!

Como meu mundo já desabou inúmeras vezes (ainda bem que demora entre um desabamento e outro!), já tenho a manha. Primeiro preciso falar com algum amigo pra não ficar entalada, senão a garganta dói. É sério! Minha garganta dói. Segundo: as crianças ficam cientes de que vão ter que colaborar mais do que o normal. Por último, faço qualquer coisa para me sentir melhor! Vou na manicure (não tenho saco para limpeza de pele, hidratação de cabelo, massagem, nada que demore muito), arrumo uma distração e espero o tempo passar. Sempre passa! O tempo passa! A dor também, a angustia e tudo mais.

No meio dessa estória toda, tava lendo sobre a cobrança que as mulheres impoem a si mesmas em relação à perfeição. O texto falava sobre a vontade que as mulheres tem de viver o conto de fadas em todos os aspectos da vida. A mídia está aí pra acabar com a gente. Bota um monte de mulher gostosona na TV, na internet, nas revistas. Todas vivendo lindamente! Têm filhos, cuidam deles pessoalmente (devem fechar o velcro da fralda), cuidam da casa, do trabalho, de absolutamente tudo e ainda mantêm a pele linda e aquele sorriso de clareamento. As fotos são maravilhosas, as casas são arrumadas impecavelmente. Sempre vejo tudo aquilo com um senso crítico impressionante.

Acabei fazendo um misturado de informações e resolvi mandar parar tudo. Adiei a faxina, não fui trabalhar, descansei o dia todo, levei as crianças na escola, aproveitei o dia pra cuidar de mim e escrever um pouco. Peguei até um cineminha no final da tarde, curtindo a minha solidão aliviada. Comi minha pipoquinha, tomei meu guaraná. Voltei pra casa pronta para continuar todas as minhas lutas. Reiniciei minha programação. Aquela da felicidade independente de qualquer coisa. Da felicidade de dentro pra fora. Então!? Se até a máquina de lavar tem um ciclo, porque que eu preciso fazer tudo de uma vez? Tem mais! Se o ciclo da máquina de lavar não for respeitado sai tudo mal lavado, lembram? Assim é a vida! Tem regras básicas de sobrevivência.

Agora, até a sinusite está fugindo de mim. Sou guerreira! Penélope Aventureira do Agreste! Não retrocedo, não desisto e me divirto sempre! Tenho muito mais do que 30% das minhas forças e o meu sofrimento passa rapidinho! Nunca posso esquecer disso. Ninguém pode esquecer de que é forte e capaz. Culpa? De quê!? Vamos reiniciar minha gente!

Comentários

Lucy disse…
Excelente, Lu! Como sempre. O texto está precioso.
Eu ando refletindo muito sobre o porque de quando algumas coisas dão certo, outras fatalmente começam a dar errado. Ou ainda, sempre após uma fase boa começa outra complicada. Por outro lado, quando uma coisa se complica, logo vem uma sequencia de complicações ainda piores... Eh vida! Ainda bem que temos fibra, garra, valentia e uma coragem que beira a insanidade! Eu te amo amiga. Estou distante, mas ainda moro aqui do lado. Qualquer coisa, grita! Em breve conversaremos sobre a razão do meu temporário afastamento.
Anônimo disse…
Luzinha.. Desconfio que, nesta vida, a gente é submetido a provas o tempo todo. Então uma coisa alivia a outra pra gente não se lenhar o tempo todo. Mas, não tenho dúvida alguma de que estamos aqui para encarar os desafios e tranformar tudo em felicidade e alegria. E quem consegue fazer isso vive melhor. É o troféu!

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