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Bastidores Expedição Mandacaru 2021






Não tinha como ficar sem uma resenha dessa que foi uma grande festa da Corrida de Aventura na Bahia! 
Numa dessas viagens de Down, surgiu o convite pra fazer uma corrida em Ibicoara. Taquipariu! Já estava com 2 projetos rodando. Um deles como atleta, a Corrida de Aventura Malaraca Expedition 500km, que aconteceu em setembro, com treino até o talo. E o outro, a Turma 10 da Escola de Aventura pra “rodar” no mesmo período. No meio de tudo, já sabem... Tem os dois trabalhos e a vida pessoal não tão tranquila quanto as pessoas pensam que tenho. Aliás, os invejosos da minha vida, se existirem os invejosos, perdem tempo tendo inveja de mim, se tiverem mesmo, porque se eu der um ano de permuta da minha vida pra pessoa, ela devolve no outro dia.😂 Enfim, tô aqui pra isso e, modéstia à parte, a minha capacidade de enfrentamento vai muito além do que qualquer um imagina. Mas quem quiser, avisa, tá?!
Começamos a planejar a bagaceira! Para nós, muito trabalho, para os atletas, sofrimento garantido ou o dinheiro de volta. 
Primeiramente, fizemos todos os contatos com a ajuda de amigos, alguns de longas datas e outros mais novinhos, pra avaliar a viabilidade do projeto. Nívea, Sabrina, Alan, Luã, Ney, Beth, Babi, Luisa, Ana, Netto, Rose, Sandra, André, Thiomas, Cássio, Jessyca, Grace... os nomes foram aparecendo, a energia fluindo. A cidade de Iramaia também entrou no circuito dos lugares por onde os atletas passariam. 
Seguimos pra Chapada depois das primeiras conversas pra bater todos os martelos. E portas e janelas se abriram a todo instante. Com a Pandemia ainda em curso, com número de mortes elevado, torcíamos para que as coisas acalmassem e desse pra fazer o evento completo, sem tantas restrições. Planos A, B e C nas mangas, entretanto, estávamos certos de que, com decreto do Governo impedindo eventos, nada seria possível. 


Down, como sempre, ficou com a parte técnica e muitas coisas mais. Fiquei com a parte das inscrições, divulgação, captação de recursos e muitas coisinhas mais. Mas, dessa vez, contei com a participação mais do que especial da minha amiga e fiel escudeira, Gabi. Marketing é com ela!! 
O suporte da FBCA, junto à SUDESB seria nosso principal alívio nas despesas. Entretanto, nossas contas precisavam ser ajustadas sem contar com isso. O recurso precisava ser o necessário para pagar as contas e, ao mesmo tempo, precisávamos ter um valor de inscrições que fosse atrativo para os atletas. Ou seja, a conta tinha que fechar! 
Por falar em atrativo, em nossos pensamentos, nada poderia ser interessante pra nós que não fosse interessante aos outros também. Idealizamos arena, planejamos a feira de artesanato, uma área de convivência, workshop, lives, alojamento pros atletas, descontos em hospedagens, contatos com restaurantes, fizemos parcerias com o comércio local. A Expedição precisava ser atrativa e, principalmente, rentável para a cidade. Esse era o espírito da coisa!
Passei alguns dias de férias na Chapada com a família. Aproveitamos pra fazer o workshop sobre Corrida de Aventura e planejar a prova de Trail de 10km em parceria com a Base Trail Run, de Péricles Maia, pra dar ainda mais brilho ao evento. E foi show! Mergulhamos de cabeça! Respiramos Expedição Mandacaru por meses sem parar. Tentamos pensar em tudo! Down passou dias e dias mapeando, comendo miojo com sardinha, e eu passei dias e dias entrando em contato com Deus e o mundo pra fazer todas as parcerias possíveis e imaginárias. Fiz contato com pessoas que até hoje não conheci, as relações com as autoridades e pessoas da cidade foram se estreitando e nós nos envolvemos de uma maneira que não tinha mais volta. Como um foguete que não tem ré! 

Chegou a semana do grande dia! Down e Mano chegaram na terça-feira pra colocar os PCs, nós chegamos na quinta-feira pra organizar a cachorrada toda. Gente, Manoela é aquele tipo de pessoa que fica quieta durante todo o tempo que a gente tá se organizando. Quando chega na semana da prova ela chega junto, organiza tudo, é super proativa e, além de tudo, é a cabeça fria, a mente fora da prova, que dá as melhores sugestões na hora certa! 
Passamos o dia 8, sexta-feira, todinho na praça organizando os festejos. Parecia uma festa de largo. E era! A prefeitura fechou a praça da cidade, mudou o trânsito, colocou policiamento. Embora já tenha ajudado a organizar Mandacaru, Treinão, Papo de Aventureiro, Curso de Navegação, Curso de Primeiros Socorros, além das dez Turmas da Escola de Aventura do Agreste, aquilo era um grande projeto. Enfim... depois que fiz essa lista aí que percebi que já fizemos coisa como a zorra. 
Participamos de toda montagem da estrutura, que incluiu som, backdrop, pórtico, limitadores de espaços, toldos para secretaria, som e pódio, feira de artesanato com barraquinhas, espaço infantil. A prefeitura disponibilizou eletricista. O sub secretário de administração, Yrochi, foi a pessoa mais fofa do mundo e se colocou à disposição para resolver toda e qualquer querela possível e imaginária e, em volta dele, uma equipe se mobilizava em prol do evento. Na verdade, quem estava por trás de tudo era Luã Sampaio, secretário de meio ambiente e turismo, que acabou se envolvendo com as questões relacionadas às queimadas que estavam acontecendo na região. Aliás, uma situação bem delicada pra todos, porque a Corrida estava rolando, as expectativas eram enormes e nós nos preocupávamos com as duas coisas por razões óbvias. 
Os atletas começaram a chegar pela tarde. Muitos deles se distribuíram pelas pousadas da cidade, outros poucos vieram no buzu e ficaram no alojamento. Por falar em alojamento, que capricho de Damiana, Diretora da Escola Colibri! Tudo limpo, sinalizado, iluminado. Chuveiros quentes pros atletas! Aí vem sempre os agradecimentos no meio da história, minha gente. Pura sintonia entre Secretaria de Educação com a de Turismo, além da fofurisse de Damiana. Como disse, o caminho foi todo pavimentado de gente boa! 


O movimento de entrega dos kits dos atletas começou no início da noite. Embora tenha havido um atraso no ônibus, deu tudo certo. Todo mundo sabe que a Corrida de Aventura começa no pensamento de fazer a inscrição. Ficar sem dormir na noite anterior é apenas um detalhe, apesar de não ser uma situação desejada. A abertura do evento foi a coisa mais linda! O locutor, que também é Secretário, e cantor, fez uma pequena cerimônia de abertura, com um roteirinho pra não deixar passar nada. Convidamos o Prefeito, o Secretário de Turismo, os presidentes da FBCA e da CBCA, Vitor e Arnaldo, respectivamente. O prefeito Gilmadson Mello deu boas vindas à Expedição Mandacaru de uma maneira tão afetuosa que todos se sentiram extremamente acolhidos. Todos os discursos foram pequenos discursos. Todo mundo falou pouco, falou bem e não cuspiu ninguém, como dizia Juca Chaves. 
Logo depois, distribuímos os mapas e o Forró rolou solto na praça. Aliás, que forró massa! Forró Trindade, com André Rhomero, que também é Diretor de Cultura da cidade. Perceberam que Ibicoara é cheia de gente talentosa? Então... Ah! Vale lembrar que tivemos a presença da Secretária de Turismo de Mutuípe, que foi na Expedição conhecer o esporte e acompanhar a prova, por causa da Batalha Mutuípe. Olha só que bacana! Ficamos na praça até bem tarde, aguardando os últimos dos moicanos aparecerem e curtindo o Forró Pé de Serra. Ainda assim, uma dupla foi na Escola depois da meia noite pra pegar o kit. Mas a gente nem queria dormir mesmo. KKKK! 
Cinco da manhã, todo mundo de pé, tomando banho, se resolvendo. A única queixa que tive dessa noite no alojamento é que o colchão inflado estava furado. Quando acordei, estava no chão. 
Na praça, a turma do Trail foi chegando pra pegar os kits da prova, alguns atletas aqueciam, outros dançavam e a comunidade de Ibicoara se envolvia fazendo fotos, filmagens e observando a movimentação. 
A largada aconteceu às 8 da manhã, com a galera correndo como se fosse ali. Àquela altura, o Staff se posicionava, incluindo a turma de fotógrafos que participou do evento. Uma equipe ficou com a categoria 130km e o Trail, enquanto outra foi direcionada para o percurso dos 50km. 
A galera do Trail realmente foi ali. Em pouco tempo, os primeiros atletas despontavam pela ruazinha que ficava ao fundo da praça. O som rolava solto e o locutor, Junior, fazia a maior cachorrada com a chegada de cada um. A prova não demorou muito de acabar, as pessoas iam e viam, eu fiquei pela praça, entregando as medalhas, recebendo notícias de quem estava nos ATs e PCs, acompanhando os atletas. 


Algumas equipes não resistiam ao sol e às ladeiras, outras erravam caminhos, outras seguiam com força, outras mais moderadas. Corrida de Aventura é assim mesmo. Num dia a gente é caça, no outro a gente é caçador, ainda que a gente cace por muito tempo. Nada é certeza. Numa corrida tudo dá certo, em outra pode dar muita coisa errada. O fato é que não cabe todo mundo no pódio, sempre digo. Mas isso agora já é papo de atleta. 
Deixa eu rebobinar aqui... Por falar em pódio, eu quase pari um filho! O Sub de Administração, Yrochi, me chamou pra conversar porque tinha uma carreta de combustível pra atravessar a praça. Logo, o pórtico precisava ser removido. Quase enfartei, Val, o montador da estrutura, também quase enfartou. Tentamos arrumar um jeito da carreta não passar pela praça mas não havia outra alternativa. A cidade ficaria desabastecida se a gente não tirasse o pórtico do caminho, assim disse o secretário de Infraestrutura, com todas as palavras. Foi um “bafafá” até que um funcionário do serviço de montagem apareceu na maior calma, dizendo que só precisava de 10 homens pra arrastar o pórtico pro lado. Ufa!! Só cinco de um lado e cinco de outro pra mover algumas toneladas que, se caísse em alguém, mataria na hora. Raiai.. Enfim, a cirurgia foi realizada com sucesso, nossa faixa ficou meio torta, deram um jeito de melhorar e tudo voltou para o seu devido lugar. Enquanto eu estava de olhos voltados pro outro lado da praça pra nem ver a bagaceira acontecendo. 
Pouco depois dessa trama toda, começaram a chegar as primeiras duplas, que se misturavam a algumas equipes que abortavam a missão, voltando pra chegada. Na praça, fiquei administrando alimentação de staff, anotação de chegada dos atletas, entrega de medalhas, dando pitacos em tudo. Ao mesmo tempo, ia sabendo das artimanhas dos atletas no percurso da prova. O movimento de chegada das duplas seguiu até umas horas. 
Não posso negar que me diverti muito! Uma turma da prefeitura ficou na secretaria conversando e comendo uns petiscos no bar da esquina, enquanto eu ficava pra lá e pra cá. Quando anoiteceu, Down me ligou dizendo que tinha batido o carro. Poxa! Por um momento, achei que era uma pegadinha mas logo vi que não havia tom de brincadeira na conversa. Pior é que a prova estava rolando e não tinha como parar tudo. Também não dava pra contar pra ninguém. E que bom que ele não teve nenhum arranhão, teve cabeça fria pra resolver tudo, e que alguns anjos aparecem na prova, parecendo até que só vieram pra acompanhar o filho. Esse anjo foi João Coelho, a pessoa que saiu com Down pra guinchar o carro no meio da noite pra deixá-lo em lugar seguro até que a prova acabasse. 
Gente, a banda do sábado parou de tocar depois da meia noite. A praça foi esvaziando de gente. Na garoazinha e no silêncio da noite, eu, Mano e Camila dormimos na praça, no carpete do backdrop, monitorando o tempo das equipes, pra evitar que chegassem e não tivessem ao menos um grito solitário na chegada. Daí, fomos administrando as idas na escola pra tomar um banho, já pra ficarmos prontos pro dia seguinte.
Os quartetos só chegaram na manhã do domingo. Um a um, cada um com sua história, cada um com sua conquista. Umas 9h da manhã, a banda de forró começou a tocar mais uma vez, pra gente esquentar pro encerramento da Expedição. E foi outro momento recheado de muita emoção. O prefeito Gilmadson Melo nos deu a honra de fechar o evento, entregamos os troféus aos vencedores da prova e ainda demos um espacinho pra FBCA entregar os troféus do Rolê, a prova virtual que valeu como primeira etapa do campeonato. Só lembrando que a premiação do Trail foi no sábado mesmo, e foi outra festa! 
Ficamos sentidos por não ter ido na praça à noite, porque teve mais uma noite de banda, mas ninguém aguentava ficar de pé, depois de duas noites sem dormir direito. Além disso, depois de uma prova dessas, é um mundo de coisas pra organizar pra voltar pra casa. 
Enfim, essa foi mais uma história que escrevemos na Corrida de Aventura da Bahia. Esse esporte que a gente ama, que pratica a tanto tempo e que corre em nossas veias como se fosse o próprio sangue. A história da adrenalina que sentimos quando nos desafiamos e da que queremos fazer os outros sentirem quando montamos uma festa dessa. 
A todos que estiveram conosco, mesmo que em pensamento, agradecemos muito, especialmente ao Staff! 
Ibicoara, sua linda, foi uma aventura incrível! Valeu! Voltaremos!

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